São Paulo – Depois de um 2020 de forte recessão e um 2021 de avanço de 7,1% no Produto Interno Bruto (PIB), a Palestina deve diminuir seu crescimento econômico para 4% neste ano, de acordo com análise feita por equipe do Fundo Monetário Internacional (FMI), que esteve no país entre os dias 16 e 28 de agosto liderada pelo vice-chefe de divisão no Departamento do Oriente Médio e Ásia Central e chefe de missão para Cisjordânia e Gaza, Alexander Tieman. Na foto acima, Ramallah.
Os funcionários tiveram encontros com o primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Shtayyeh, o ministro das Finanças, Shukry Bishara, o governador da Autoridade Monetária Palestina, Feras Milhem, o ministro da Economia Nacional, Khalid Al-Esseily, além de outras autoridades e interlocutores no país.
“A economia palestina experimentou uma forte recuperação da pandemia de covid-19 em 2021, porém o desemprego cresceu e segue muito alto, particularmente em Gaza”, disse Tieman. Segundo ele, o crescimento ocorreu no ano passado conforme a vacinação contra a covid-19 avançou e diminuíram as restrições de atividades. Gaza cresceu menos e o desemprego segue em níveis elevados, em 26,4%.
De acordo com o executivo do FMI, a desaceleração econômica neste ano acontece em meio a preocupações crescentes com a inflação. Menor consumo e menor investimento por causa de rendimentos reais mais baixo devido à alta dos preços contribuirão para a queda de três pontos percentuais no PIB neste ano em relação ao ano passado. Fraquezas fiscais e aumento da incerteza em função da invasão da Ucrânia pela Rússia também pesam nesse cenário.
Apesar do contexto difícil, a equipe do fundo afirma que as autoridades palestinas conseguiram conter o déficit fiscal. Ele caiu de 5,2% do PIB no ano passado para 0,4% no primeiro semestre deste ano. No segundo semestre deste ano, porém, o déficit deve subir, fechando 2022 em 3,5% do PIB. Aumento de receitas e contenção de despesas contribuíram para a diminuição. As medidas, no entanto, incluíram cortes indesejáveis nas transferências sociais e menor gasto com desenvolvimento.
“Ultrapassar desafios como esses exigirá reformas ambiciosas no decorrer dos anos e estreita cooperação entre a Autoridade Palestina, o governo de Israel e doadores”, afirmou Tieman. A equipe do Fundo Monetário Internacional sugere que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) faça reforma de gastos, amplie a base tributária e realize mudanças estruturais para melhorar o ambiente de negócios.