São Paulo – Abrir novos mercados não basta para ampliar a pauta exportadora de itens halal do Brasil. A opinião é do ministro Alexandre Peña Ghisleni, diretor do Departamento de Agronegócio no Ministério de Relações Exteriores. Ele participou do fórum de negócios Global Halal Brazil, que começou nesta segunda-feira (06). O evento tem promoção da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras Halal), com patrocínio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Durante o painel ‘Agronegócio: Brasil e seu protagonismo no mercado halal’ Ghisleni frisou que não basta permitir a exportação, mas sim dar condições para que ela aconteça. “Promoção do agronegócio é o que procuramos incentivar, no sentido mais tradicional de participação de feiras, mas também com promoção da imagem, articulação entre setor privado e público. Esse é um pouco o desafio que temos. Não só do Itamaraty, mas de governo”, pontuou.
O ministro pontuou que o trabalho deve ser feito em conjunto, como vem sendo desenvolvido com a Apex-Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do Brasil, e setor privado.
Nos dados atuais, o agronegócio segue tendo papel central para alavancar as exportações de itens halal, especialmente para os países da Organização para Cooperação Islâmica (OCI). “O agro representa 70% do que o Brasil exporta para OCI. Hoje, há essa concentração da pauta exportadora. Mas há espaço para ampliar mercado nos países islâmicos. Não tenho dúvidas que esse contingente de consumidores halal tende a crescer nos próximos anos”, apontou Flávio Bettarello, secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Mapa.
Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara Árabe, também participou do debate. “Observo o painel do agronegócio como uma coisa nova depois desses dois anos de pandemia. Estávamos muito contentes com o que o Brasil exportava aos árabes. Mas a pandemia também nos ensinou que existem outras oportunidades e que nós podemos agregar valor. Não existe uma fórmula”, declarou Mansour.
Nesse sentido, o moderador do painel, Mohamad Orra Mourad, vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, lembrou do potencial de compra do público que consome halal. “Hoje, 65% da população islâmica está disposta a pagar mais por um produto feito de forma ética. E tem também a migração de não muçulmanos para o consumo halal”, afirmou Mourad.
O fórum ocorre até esta quarta-feira (08) com o patrocínio da Apex-Brasil, BRF, Pantanal Trading, Portonave e a Iceport. Ele pode ser acompanhado pelo site do evento mediante inscrição prévia ou pelo canal da Câmara Árabe no YouTube. Há tradução simultânea para o inglês e o português.
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