São Paulo – A crise na Europa, dificuldades de recuperação da economia norte-americana e os custos elevados de produção no Brasil são alguns dos motivos que fazem os economistas avaliar como "otimista" a previsão de crescimento do Brasil divulgada pelo Ministério da Fazenda nesta semana. De acordo com o relatório "Economia Brasileira em Perspectiva", a economia brasileira crescerá 4,8% ao ano, em média, entre 2011 e 2014.
O levantamento calculou crescimento de 3,2% dos três primeiros trimestres de 2011 e previsão de alta de 4,5% no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, 5,5% em 2013 e 6% em 2014. Segundo o relatório, "depois da acomodação em 2011, a economia brasileira vai se acelerar". Para o ministério, a média de expansão de 4,8% do PIB até 2014 deverá ser superior àquela dos quatros anos anteriores. Entre 2007 e 2010 o PIB do país cresceu, em média, 4,6%.
Professora de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Maria Cristina de Mello disse que a previsão de crescer 4,8% apresentada pelo estudo do Ministério da Fazenda é "otimista".
Mello lembrou que a Europa prevê baixo crescimento pelos próximos cinco anos e que os Estados Unidos também passam por um período difícil. O Japão sofre com os problemas estruturais da sua economia e ainda se recupera do tsunami de 2011.
Segundo Mello, os países que formam o bloco chamado de BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e a África do Sul estão crescendo. No entanto, dependem da boa saúde financeira de seus pares no mundo desenvolvido. "A China vende muito para Estados Unidos e Europa, que estão em crise. Uma queda na atividade econômica chinesa afeta o Brasil automaticamente", diz. Entre os problemas internos, o Brasil precisa, por exemplo, fazer a reforma tributária.
Professora do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Daniela Magalhães Prates também avalia que a estimativa de crescimento do Ministério da Fazenda é otimista. "Este ano, se não houver nenhuma catástrofe na Europa e o Brasil crescer 3,5% já está muito bom", afirma.
Daniela observa que o cenário externo tem "poucas fontes de dinamismo" para ajudar a impulsionar o crescimento brasileiro. Já o crescimento estimado para 2013 e 2014, de 5,5% e 6%, respectivamente, são mais realistas do que o previsto para este ano, observa a professora.
Após uma reunião do Conselho Político, realizada na terça-feira (14) no Palácio do Planalto, em Brasília, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os investimentos no País vão crescer mais 10% neste ano, assim como voltou a dizer que o País vai crescer 4,5% em 2012.
"Temos um desafio pela frente que é nadar contra a corrente. Enquanto alguns países estão desacelerando, inclusive alguns emergentes, o Brasil vai crescer mais do que em 2011", disse Mantega. Ele também afirmou que o crescimento do País depende das outras nações e observou que, se a crise piorar, o País vai crescer menos: 4%.