São Paulo – A Embraer prevê um ano difícil para a economia em 2012, pior do que em 2008, mas o Brasil poderá sair dela mais forte do que naquela ocasião, disse nesta terça-feira (13), em São Paulo, o presidente da companhia, Frederico Curado. Para 2012 a Embraer planeja aumento de receita com aviação comercial e de investimentos e abrirá um escritório de engenharia em Belo Horizonte. A empresa também aguarda o resultado de uma concorrência nos Estados Unidos e definições sobre sua fábrica na China. Para o Oriente Médio e a África, a previsão é de expansão na aviação comercial.
"No ano que vem a crise não será simples. Mas acredito que o Brasil poderá se sair melhor desta crise do que se saiu na ocasião anterior", disse Curado. Em março de 2009, a fabricante brasileira de aviões demitiu 4.300 pessoas em decorrência da crise financeira internacional. Para 2012, planeja contratar engenheiros. A empresa sofreu neste ano cancelamento de compra de aeronaves, porém em menor quantidade do que o registrado em 2008 e em 2009. "Foi pontual", disse Curado.
Mesmo com a crise internacional, a Embraer planeja crescer e desenvolver novos projetos em 2012. O presidente da companhia afirmou que os investimentos deverão ser maiores do que os US$ 450 milhões aplicados neste ano. Embora não tenha divulgado projeções, a empresa prevê crescimento de receita com aviões comerciais. Curado também anunciou que a Embraer irá abrir um escritório de engenharia em Belo Horizonte. "Minas Gerais tem uma faculdade de engenharia muito boa e pretendemos absorver esses profissionais. Iremos agregar 200 engenheiros em 2012", anunciou.
Esses não são os únicos projetos previstos para a companhia no próximo ano. Em 2012, a Embraer deverá decidir quais serão as melhorias empregadas na nova geração da família de E-Jets (Embraer 170/175 e Embraer 190/195). "Vamos ver quais são as demandas dos clientes", disse Curado. As principais mudanças, contudo, deverão ser realizadas nas turbinas dos aviões, a exemplo do que a Boeing e a Airbus farão com suas famílias de aviões 737 e A320, respectivamente.
A empresa espera para o começo de 2012, também, definir o destino da fábrica que tem em Harbin, na China, que foi implementada em 2002. O governo local proibiu a empresa de produzir lá o jato EMB 145. Em abril deste ano, a presidente da República, Dilma Rousseff, fechou acordo para que outro avião, o jato executivo Legacy 600, seja feito no país asiático. Além desta negociação, a empresa participa de uma concorrência para fornecer aviões Supertucano, no segmento de Defesa, para os Estados Unidos. O contrato pode chegar a US$ 1,5 bilhão.
A Embraer, contudo, é investigada nos Estados Unidos por possível descumprimento de leis de combate à corrupção no exterior. Curado não quis se manifestar sobre o assunto, pois a empresa ainda é investigada. Se for condenada, ela pode ser proibida de vender esses aviões.
Além destes projetos, que poderão se confirmar no próximo ano, a empresa constrói duas novas fábricas de componentes em Portugal. Segundo o vice-presidente de operações de Aviação Executiva, Marco Túlio Pellegrini, essas novas unidades deverão enviar partes de aviões, como asas, para as fábricas do Brasil.
Oriente Médio
O mercado de aviação em que a Embraer atua, de aeronaves para até 120 passageiros, tem potencial de crescimento no Oriente Médio e na África, de acordo com Curado. Ele disse que os resultados na região são bons e que é possível crescer mais. "Nossos aviões suportam muito bem as condições encontradas na Arábia Saudita, por exemplo, onde o clima é seco e há muita areia. Temos muitos clientes lá e podemos atendê-los em rotas de curta distância em alguns casos", disse Curado, explicando que o foco das grandes empresas não é rotas curtas, mas sim de longa distância, pegando passageiros na América e na Europa e levando para a Ásia. A Embraer não atua em rotas de longa distância.
Ele observou que o potencial de crescimento na África é maior do que no Oriente Médio porque o mercado do continente ainda é pouco explorado, mas muito regulamentado, com poucos voos entre países. "À medida que se desregulamenta, esse mercado fica mais interessante", disse. Já o setor de aviação executiva não tem pela frente um futuro tão promissor, segundo Pellegrini.

