São Paulo – Encerradas as apresentações das autoridades no 4º Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, o primeiro painel foi um convite para pensar diferente sobre Negócios e Inovação, um dos temas do evento. “Dados não são reais; fatos, sim!” Foi com essa provocação que a filósofa e pesquisadora de assuntos contemporâneos, Anna Flavia Ribeiro (foto acima), começou sua apresentação. Ela propôs uma nova perspectiva para pensar o futuro, e garante: para mudar, é preciso despir-se de crenças, convicções e conceitos. É o que chamou de “estado de suspensão das convicções”.
Ela explica que o cérebro nunca aprende no nível da certeza. “Ele só aprende quando erra. É o erro que nos dá perspectiva.” Por isso, livrar-se das certezas é fundamental. “É preciso duvidar, sempre.” Fatos, quando desmembrados em dados, podem ser interpretados. É a crença que dá significado aos dados, e não o contrário. Anna Flavia é requisitada pelas empresas quando a criatividade está em baixa, quando as ideias não acontecem, por isso se define como “a pessoa da encrenca”. “É um lugar pouco agradável para estar, mas é muito interessante.”
O segundo convidado a palestrar foi Caio Esteves, especialista em Place Branding, que começou fazendo uma pergunta: “o mundo mudou depois de 2020?”. Sabemos que sim, que o novo coronavírus alterou a vida de todos no planeta, e surgiram expressões como o “novo normal”. Mas muitos dos processos impactados já estavam em curso, só foram acelerados, no trabalho, no consumo, na aprendizagem.
Nesse ritmo, Caio classifica a pré e a pós-pandemia com dois prefixos, DES e CO. Antes da crise, imperava o DES, de descentralização, despreparo e desconhecimento, entre outros, mas ele sublinha dois: destemporização e desmaterialização. Caio fez sua participação on-line, a partir de Brasília, e esse fato serviu de exemplo para ilustrar o que queria dizer sobre o universo em transformação. “Não faz diferença se estou num hotel na Capital Federal ou em Estocolmo. O mundo virou um grande não-lugar, e onde estamos importa menos do que a forma como nos conectamos. Lugar é mais do que o território físico. As fronteiras, agora, são virtuais.”
Nesta fase, em que a pandemia ainda não acabou, ele destaca o prefixo CO, de colaboração, de cocriação, de coexistência, de convivência. “É a ideia de que juntos somos mais fortes.” Ele termina sua explanação perguntando se estamos preparados para viver num mundo de incertezas, num futuro cada vez mais dinâmico e mais veloz. E encerra com uma pergunta provocativa. “É possível resolver problemas do futuro com ideias do passado?” Para inovar, ele reforça o que foi dito por Anna Flávia. “É preciso despir-se das certezas que temos do futuro.”
A apresentação foi mediada por Fernanda Baltazar, que é diretora de Relações Institucionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
O Fórum Econômico Brasil & Países Árabes é realizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira em parceria com a União das Câmaras Árabes e apoio da Liga dos Estados Árabes, e patrocínio da Travel Plus, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Fambras Halal, Embraer, Parque Tecnológico Itaipu, Pantanal Trading, Embratur, Khalifa Industrial Zone Abu Dhabi (Kizad), Cdial Halal, Modern Living, BRF, Egyzone/AM Development, Antika/Openet BV, First Abu Dhabi Bank, Egyptian Financial & Industrial Co. (EFIC), Suez Company for Fertilizers Production (SCFP), Cooperativa Agropecuária de Boa Esperança (Capebe), Prima Foods e Afrinvest.
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