São Paulo – O aumento da produção de combustíveis sustentáveis feitos de plantas, a disseminação do uso de geotecnologia para controle das lavouras, o acirramento das iniciativas para sanidade animal. Esses e outros caminhos o agronegócio brasileiro vem trilhando, mostrando que o País que é o maior exportador de soja, milho, café, açúcar, suco de laranja, carne bovina e de frango, trabalha pesado para estar na vanguarda também das novas grandes tendências do segmento e atender necessidades mundiais.
As discussões do Global Agribusiness Festival (GAFFFF), que ocorre nesta quinta-feira (27) e sexta-feira (28) no Allianz Parque, na cidade de São Paulo, mostraram para onde vai e onde estão os principais esforços do agronegócio no Brasil. “Internacionalmente o modelo brasileiro está sendo um exemplo de caso para resolver problemas grandes e rápido. Biocombustível é a forma mais eficiente de combater a mudança climática com escala e acessibilidade”, disse para a reportagem da ANBA Guilherme Nastari, diretor da consultoria Datagro, que promove o GAFFF, evento que também é apresentado pela XP.
Os biocombustíveis estiveram na pauta do festival inseridos como uma grande solução para um mundo que pede menos emissões dos transportes. A produção brasileira de biodiesel, por exemplo, é a terceira maior do mundo, feita 80% da soja e 20% de outros produtos, como gorduras animais, que seriam poluidores se não tivessem esse uso, de acordo com apresentação do ex-ministro da Agricultura e Abastecimento do Brasil e presidente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), Francisco Turra.
“A mudança climática veio para valer e o Brasil é o antidoto, é o remédio para combater a mudança climática”, disse Turra para o público presente. “Um dos grandes emissores de carbono na atmosfera é o combustível fóssil e ele terá que ser substituído, não tem outro caminho”, argumentou o ex-ministro. De acordo com apresentação de Turra, o mercado de biocombustíveis dever crescer até cinco vezes até 2050, com metade da produção global estabelecida na Ásia, Brasil e Estados Unidos.
O Brasil já é o segundo maior produtor mundial de etanol feito de cana-de-açúcar e caminha para ser grande em etanol de milho. Segundo o presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, o milho já responde por 20% da produção de etanol do Brasil. Ele defende que o etanol agrega valor ao milho e libera a cana para ser usada como matéria-prima do açúcar, contribuindo para o mercado internacional da área. O Brasil utiliza etanol como combustível individual e misturado à gasolina.
Discussões no GAFFFF também mostraram como o Brasil atua com excelência na questão da sanidade animal. O professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Iveraldo Dutra, apresentou o sistema de saúde única, um modelo mundial aplicado no Brasil e no qual se trabalha levando em conta a saúde humana, animal, vegetal e ambiental de forma integrada. No caso do agronegócio, a defesa agropecuária faz suas ações em cima dessa orientação. “Temos pecuária extraordinária, avicultura extraordinária e um sistema de defesa agropecuária que é referência no mundo.”
De acordo com ele, as enfermidades animais respondem por mais de 20% das perdas mundiais de carnes, leite e ovos. Nesse âmbito, o professor Dutra defendeu a segurança sanitária dos alimentos, baseada no conceito da saúde única, como uma via para reduzir a fome e a pobreza e combater a insegurança alimentar em um mundo com população em crescimento. Segundo apresentação do professor da Unesp, cada ser humano que vive 72 anos consome, entre outros alimentos, oito bois, 570 frangos, 10 mil ovos e 9 mil litros de leite.
Os debates do GAFFFF também mostraram o ganho de eficiência que o agronegócio vem conseguindo com uso das novas tecnologias. Vindos do agro, mas com experiência em tecnologia, empresários apresentaram os negócios techs que criaram para colaborar com a produção agrícola e pecuária nacional e, inclusive, acelerá-la. Um deles foi Rafael Coelho, filho de produtores rurais e cofundador da Sette e CEO da A de Agro. A Sette faz monitoramento de safra com imagem de satélite para ajudar no relacionamento do produtor com as instituições financeiras. É uma empresa de tecnologia voltada ao crédito.
Agro para o mundo
Grande parte dos speakers apresentaram o agronegócio brasileiro como um setor essencial não apenas para o consumo nacional, mas também o internacional. “Não pode haver fronteiras para os alimentos. O Brasil tem que se orgulhar de ter comida em abundância e ainda colaborar para a segurança alimentar do mundo”, disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
Guilherme Nastari disse para a reportagem da ANBA que o agronegócio brasileiro está em seu melhor momento de reconhecimento nacional e internacional. “A cidade passou a entender o valor da cadeia e a importância econômica que esse setor tem para o Brasil, e o maior exemplo é esse evento aqui, na capital econômica do País, dentro de um estádio de futebol.”
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O festival reúne debates, feira, gastronomia e entretenimento dentro do estádio Allianz Parque, onde ocorrem os jogos do time Palmeiras. A Câmara de Comércio Árabe Brasileira é uma das apoiadoras e esteve presente no primeiro dia de evento por meio do diretor de Novos Negócios, Estevão Margotti de Carvalho, e da chefe da Consultoria Internacional e do laboratório de inovação CCAB Lab, Karen Mizuta.