São Paulo – Não tem para ninguém no item exportação de frango. Principalmente para os países árabes, os maiores compradores do produto no exterior, responsáveis por 30% de tudo o que é comercializado pelo setor lá fora. Entre janeiro e junho deste ano, o Paraná vendeu 477 mil toneladas de carne de frango no mercado internacional, para 476 mil toneladas do segundo colocado, Santa Catarina. A informação é da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), que aponta um total de US$ 780,5 milhões obtidos pelos empreendedores paranaenses no primeiro semestre de 2010, um resultado 0,71% melhor do que no mesmo período do ano passado.
Como o estado chegou ao primeiro lugar no ranking dos maiores produtores e exportadores do Brasil? “O Paraná modernizou seu parque avícola”, explica o presidente da Abef, Francisco Turra. “Isso sem falar da força do cooperativismo local: o Paraná tem o maior número de cooperativas agrícolas do Brasil”, diz. De acordo com Turra, o país fechou 2009 com uma produção total de 11 milhões de toneladas de frango, uma receita de US$ 14 bilhões e exportações de US$ 5,9 bilhões. Em 2010, a meta é expandir a produção entre 3% e 5%. “Precisamos de uma receita 15% superior à do ano passado para recompor as perdas que tivemos com a crise mundial em 2009”, afirma.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná, Domingos Martins, os produtores paranaenses serão agentes importantes para que o país avance ainda mais no setor até dezembro. “Aqui, o crescimento da produção é em ritmo chinês”, garante. “Temos 370 mil pequenas propriedades voltadas para a produção agrícola e bastante investimento em genética e nutrição das aves”, diz. Martins informa ainda que 30% da produção estadual é exportada. Os árabes são os maiores compradores, com a Arábia Saudita e os Emirados Árabes em primeiro e segundo lugar, respectivamente.
A animação não é menor entre as empresas. O Frigorífico Canção, em Maringá, a 436 quilômetros da capital, Curitiba, exporta cerca de duas mil toneladas de frango todos os meses, diante de uma produção mensal de oito mil toneladas. As vendas são feitas principalmente para os árabes, clientes desde 2006. A empresa oferece o chamado abate halal, que certifica que o processo foi feito dentro das normas da religião islâmica, condição fundamental para a venda no mercado muçulmano.
Entre os países que mais compram os produtos do Canção estão os Emirados Árabes, Iêmen, Catar, Bahrein, Omã, Kuwait, Iraque e Líbano. “São mercados bastante interessantes”, explica o gerente de exportação do frigorífico, Eremir Trevizale Júnior. “O Iraque vem crescendo muito após a guerra e o Bahrein e o Catar têm se expandido bastante a partir do aumento do turismo. O consumo só tende a aumentar”, afirma. “Não é à toa que viajamos para o Oriente Médio duas ou três vezes por ano para participar de feiras e visitar clientes”, diz Júnior.
Na C.Vale, de Palotina, cidade a 600 quilômetros de Curitiba, os países árabes respondem hoje por 7% das 8 mil toneladas de frango exportadas todos os meses (com produção de 15 mil toneladas/mês). A empresa, que também trabalha com o abate halal, quer ampliar esse percentual. “Temos que crescer nesses mercados”, afirma o gerente da Divisão Industrial da Cevale, Reni Eduardo Girardi. “Por isso mesmo queremos participar de mais feiras e buscar parceiros no Oriente Médio”, diz.