São Paulo – Estreia nesta sexta-feira (31) em São Paulo uma peça de teatro que tem tudo para cair no gosto do público não apenas por causa da história e da interpretação, mas, também, porque ela é saborosa. Enquanto conta as histórias dos imigrantes árabes que viveram no Brasil, a atriz Valéria Arbex cozinha em cena e prepara quitutes da culinária típica para o público na peça “Salamaleque”. O espetáculo tem apoio cultural da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Ele fica em cartaz até agosto em um projeto da Cia. Teatral Damasco que também irá contemplar palestras e oficinas.
“Sempre me interessei pela história dos imigrantes. Quando minha avó morreu, li as cartas de amor que ela e meu avô trocaram quando ainda namoravam. Isso me incentivou a procurar entender mais sobre a cultura árabe e então passei a entrevistar imigrantes, conversar com meus familiares sobre suas memórias. Notei que quase sempre as histórias tinham alguma relação com a culinária. Então, decidi tentar contar as histórias destes imigrantes ao mesmo tempo em que cozinho em cena”, diz Arbex.
Durante todo o espetáculo a atriz fica sozinha em cena. Logo no começo da apresentação ela anuncia ao público que está se preparando para uma celebração e, então, começa a narrar as histórias dos imigrantes árabes a partir das cartas de amor trocadas pelos avós, que nasceram em Yabroud, na Síria. O avô dela chegou ao Brasil nos anos 1920 e foi viver em Pirajú. A avó desembarcou no Brasil em 1939 e foi para Cerqueira César que, assim como Pirajú, fica no estado de São Paulo. Eles trocaram correspondência desde o início do namoro até o casamento.
A personagem Elizete narra as histórias dos imigrantes em um cenário que representa uma cozinha enquanto prepara babaganuche, homus e coalhada. Também faz água aromatizada e assa pão. Quando os pratos ficam prontos os espectadores são convidados a provar as delícias preparadas pela atriz. “Nesta peça procuro trabalhar com aspectos como a memória afetiva, a oralidade, a gastronomia e também a política. Ainda existe uma imagem equivocada sobre o árabe, que não se limita a quibe, esfiha e violência. Nesta peça eu falo com o público, chamo as pessoas para celebrar aquele momento”, afirma.
Além de encenar “Salamaleque”, a Cia. de Teatro de Damasco irá promover oficinas e palestras enquanto a peça estiver em cartaz. O espetáculo foi contemplado em 2012 pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, que patrocina espetáculos em todo o País, mas exige contrapartidas. Para atendê-las serão realizadas oficinas sobre gastronomia e produção de textos e palestras sobre o processo de criação da peça, sobre memória afetiva, saúde dos imigrantes e papel da mulher e sobre o filme “Constantino”, de Otávio Cury, lançado em 2012. A direção de “Salamaleque” é de Denise Weinberg e Kiko Marques.
Serviço
Salamaleque
De 31 de maio a 18 de agosto
Sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 19h
Viga Espaço Cênico – Rua Capote Valente, 1.323, Sumaré, São Paulo, SP.
Informações no telefone (11) 3801-1843
R$ 20/R$ 10 (meia-entrada)
Oficinas
(Grátis. Inscrição: ciateatraldamasco@gmail.com)
“Degustando memórias do Oriente”
Gastronomia árabe. Ministrada pela Chef Graziela Scorvo Tavares
Dia 02/07, das 16h às 18h. Estúdio Bê (www.estudiobe.com.br)
“Reminiscências”
Produção de textos. Ministrada por Alejandra Sampaio
Dia 03/07, das 15h às 18h. Instituto Cultural Capobianco (www.institutocapobianco.org.br)
Palestras
(Grátis. Informações: www.viga.art.br)
“Memória afetiva”
Com o Prof. Dr. Mamede Jarouche e Samir Cauerk Moysés
Dia 11/07, das 20h às 22h. Viga Espaço Cênico
“Encontro”
Com os diretores Denise Weinberg e Kiko Marques, sobre o processo de criação de “Salamaleque”.
Dia 18/07, das 20h às 22h. Viga Espaço Cênico
“A saúde mental do imigrante sírio libanês e a função feminina”
Com a arabista Claude Fahd Hajjar
Dia 25/07, das 20h às 22h. Viga Espaço Cênico
“A descoberta do livro do meu bisavô e seus desdobramentos no meu processo criativo”
Com o cineasta Otávio Cury
Dia 01/08, das 20h às 22h. Viga Espaço Cênico


