Da Agência Sebrae
Juazeiro – Após um ano de trabalho para obter a certificação em Comércio Justo e a viabilização da exportação da manga produzida no município de Juazeiro (BA), pequenos produtores da Associação Manga Brasil estão otimistas com a comercialização da fruta para a Europa. É o quinto container carregado de manga, no segundo semestre deste ano, que parte para o mercado europeu, um total de 100 toneladas.
De acordo com o presidente da Associação Manga Brasil, Josival Nascimento, muitos associados não acreditavam que poderiam realizar exportação de forma direta. "É uma janela que está se abrindo para o mercado internacional. Estamos otimistas com a possibilidade de colocarmos todos os anos a nossa produção na Europa. Dessa forma não encontraremos mais dificuldades na comercialização no segundo semestre, já que no primeiro ela é garantida para o mercado interno", comemorou Nascimento.
Ele disse ainda que a associação vende boa parte de sua produção sem atravessadores e na sua maioria para o mercado interno. A Manga Brasil fica no Perímetro Irrigado de Maniçoba, a 35 quilômetros do centro de Juazeiro.
O Pólo de Fruticultura do Vale do São Francisco possui aproximadamente 23 mil hectares de mangueiras em produção, com perspectivas de aumento de área em função, principalmente, das condições climáticas favoráveis e da implantação de novos perímetros irrigados. Hoje o Vale é responsável por mais de 90% das exportações do país.
Os 62 associados da Manga Brasil produzem em uma área irrigável de 440 hectares, sendo 330 de manga e 110 hectares distribuídos com produção de coco, maracujá e limão. Com um Packing House de 660 metros quadrados de área construída, a Manga Brasil encontra-se em situação vantajosa em relação a outras associações, principalmente por estar localizada dentro do Perímetro Irrigado.
Segundo Josival Nascimento, o packing terá capacidade para processar 3.200 quilos de manga por hora, trabalhando em turno normal de 8 horas por dia, totalizando um volume processado de 25.600 kg por dia, equivalente a pouco mais de um container. "Quando estiver em pleno funcionamento, poderemos dobrar a produção diária, processando 51.200 quilos por dia ou dois containeres diários", ressaltou Nascimento. Ele disse ainda que o packing house proporcionará a geração de 37 empregos diretos, podendo chegar a 66 quando estiver em pleno funcionamento.
A associação tem em seu quadro de clientes grandes atacadistas em São Paulo, Brasília e Minas Gerais, e tem buscado desenvolver novas parcerias com redes de supermercados. "O Sebrae e a Codevasf estão sendo parceiros importantíssimos, tanto na comercialização quanto na capacitação dos nossos produtores. Conseguimos alguns desses mercados através de missões e caravanas realizadas pelo Sebrae e também da nossa participação em feiras e eventos de comercialização de frutas", afirmou Nascimento, acrescentando que a associação já comercializou quase 700 toneladas de manga este ano, dos quais 120 foram para Europa.
O coordenador regional do Sebrae, Rinaldo Moraes, evidenciou que esse trabalho com o grupo Manga Brasil é resultado de uma parceria entre a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Sebrae e Agrofair (empresa importadora de frutas, com sede na Holanda, que atua com Comércio Justo – Fairtrade).
"Seu principal objetivo é estabelecer um contato direto entre o produtor e o comprador e tirá-los da dependência de atravessadores e das instabilidades do mercado. Através do comércio justo e solidário, o Sebrae tem procurado promover aos pequenos produtores rurais do Vale do São Francisco um conhecimento justo e equilibrado com relação aos grandes produtores, contribuindo para o desenvolvimento sustentável, além de oferecer melhores condições comerciais", finalizou Moraes.

