São Paulo – A população muçulmana não quer mais informações apenas sobre o produto que está consumindo, mas a respeito de toda a cadeia produtiva do halal. É o que aponta pesquisa realizada pelo instituto H2R Insights & Trends e apresentada no Global Halal Brazil Business Forum (GHB), na capital paulista.
“Para que a gente possa alcançar esse nível de ecossistema, ouso dizer que poderíamos ir para um halal 2.0, uma nova visão, não só de produtos, mas de serviços, de um ecossistema”, disse a diretora comercial da H2R, Alessandra Frisso (foto acima), em sua apresentação no segundo dia do fórum.
A pesquisa se debruçou sobre o futuro do mercado halal e a rastreabilidade. Foram ouvidos 1.023 consumidores muçulmanos de oito países, alguns com predominância islâmica e outros multiculturais: África do Sul, Egito, Malásia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Alemanha, Reino Unido e França. Todos os entrevistados tinham acima de 18 anos, 60% eram homens e 40% mulheres.
O levantamento foi feito a pedido da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e da certificadora Fambras Halal, que são as promotoras do fórum GHB. Os dados mostram que há necessidade de oferecer mais confiança aos muçulmanos sobre os produtos e fazer as informações sobre a cadeia produtiva chegarem de fato até os consumidores.
“Temos aqui toda a cadeia produtiva que precisa lastrear mais informações para gerar a confiança desses consumidores e, sem sombra de dúvida, da sociedade como um todo”, disse Frisso. Ela disse que há grande gap entre a preocupação do consumidor e o que de fato ele encontra de informações na gôndola do supermercado.
“Isso gera uma oportunidade e aponta caminhos para a gente. Que caminhos são esses para as empresas, para os agentes regulatórios, para os certificadores? O caminho de trazer as informações que todas as empresas já têm sobre sua cadeia de fornecedores, trazer informações concretas e transparentes que possam ser verificadas”, diz.
A pesquisa também mostra quais participantes da cadeia têm mais confiança do consumidor de halal. Os produtores agrícolas, por exemplo, desfrutam de um índice maior do que as indústrias, já que o muçulmano entende que os primeiros geram produtos mais naturais. O transporte aéreo também tem percentual maior de confiança do que ferroviário, rodoviário e marítimo, que são universos mais desconhecidos para os consumidores.
O GHB trouxe uma série de discussões sobre o halal e ocorreu com apoio da International Halal Academy, Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura, União das Câmaras Árabes e Liga Árabe, e parceria do Governo Federal, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Ministério das Relações Exteriores e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Os patrocinadores foram BRF, Marfrig, Minerva Foods, Laila Travel, Turkish Airlines, Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Travel Plus, H2R Insights & Trends, World Logistic Passport (WLP), Banco ABC Brasil, Seara, Pão & Arte, Cristal Plus e Pamunã Alimentos.