Petra – A Jordânia não é só Petra, mas Petra é, sem dúvida, o mais impressionante sítio histórico do país e um dos mais marcantes do Oriente Médio. As fachadas esculpidas na pedra, os diferentes estilos arquitetônicos e as formações rochosas naturais dão ao lugar um ar quase alienígena.
Embora existam registros de que a região seja habitada desde o Neolítico, foram os nabateus, que nela se estabeleceram por volta do século 6 a.C., os responsáveis pela criação e desenvolvimento de Petra, uma das sete novas maravilhas do mundo.
Os nabateus eram originalmente um povo nômade da área ocidental da Península Arábica, que migrou para a região da atual Jordânia muito antes do surgimento do Islã e da expansão árabe que se seguiu, a partir do século 7 d.C. Há inclusive ruínas nabatéias na Arábia Saudita.
Petra fica na rota de antigas caravanas e durante séculos a cidade serviu como entreposto comercial, o que a fez enriquecer. No século 2 da Era Cristã, Petra foi conquistada pelos romanos e, posteriormente, integrada ao Império Bizantino.
Essa característica de ponto de ligação entre leste e oeste explica a variedade arquitetônica do sítio. O prédio mais famoso da cidade, cenário de filmes e novelas, chamado de “O Tesouro” é um exemplo de ecletismo e sincretismo religioso.
Embora à primeira vista a fachada cravada na rocha pareça a de um templo greco-romano, os detalhes remetem à cultura nabatéia e até à egípcia. No alto da estrutura há um relevo semi-apagado de uma figura feminina que, dizem, representa a deusa egípcia Isis. Nas laterais, próximos ao nível do chão, outros relevos mostram deidades gregas.
A urna esculpida no topo da fachada é um símbolo tipicamente nabateu e é o que dá nome ao monumento. Construído para ser a tumba do rei Aretas III, o Tesouro ganhou esse nome dos beduínos que habitam a região. Uma lenda dizia que um faraó do Egito havia escondido na urna seu tesouro. Para tentar por as mãos nas preciosidades, os locais davam tiros no recipiente, sem saber que ele é de rocha maciça.
Outra característica especial desse edifício é sua localização, razoavelmente protegida numa espécie de praça natural rodeada por rochedos. Isso garantiu um excelente estado de conservação, ao contrário de outras estruturas de Petra que, feitas de arenito, não resistiram tão bem ao tempo.
Protegida
Os nabateus escolheram bem o local da cidade, envolto por montanhas que serviam de proteção contra os inimigos. Para chegar à cidade propriamente dita, é preciso percorrer um longo corredor natural ladeado por rochedos, chamado de Siq. Nele, os habitantes construíram um complexo sistema de abastecimento de água, com calhas escavadas nas laterais, canos de cerâmica e barragens para armazenar água da chuva ou de rios temporários.
A maioria das estruturas mais conservadas são tumbas, e as fachadas são sempre o grande destaque. Após a saída do Siq, há a “Rua das Fachadas”, que, embora menos impressionantes que o Tesouro, são em grande número e revelam o estilo nabateu típico. Mais adiante há um teatro escavado na rocha, que apesar de parecer romano, foi entalhado pelos nabateus.
Seguindo em frente rumo ao centro da cidade, na lateral de uma colina, foram escavadas as "tumbas reais", uma seqüência de fachadas majestosas que de certa forma lembra o Monte Rushmore, nos Estados Unidos, que guarda esculturas dos rostos de ex-presidentes norte-americanos.
Como no Egito, as estruturas funerárias em Petra resistiram mais à passagem do tempo do que os palácios, casas e prédios públicos. Mas lá existem ruínas, principalmente de templos, e até de uma igreja bizantina, além da avenida com colunas em estilo romano chamada Cardo Maximus.
Perdida
Quando os árabes muçulmanos chegaram à região, no século 7 d.C., Petra já estava em decadência. Muito antes, a abertura de novas rotas de comércio já tinha feito a cidade perder seu status de entreposto importante, e após as Cruzadas ela foi praticamente abandonada, tornando-se uma cidade perdida até o século 19, quando foi “redescoberta” por exploradores europeus.
Durante séculos Petra foi habitada e freqüentada somente por beduínos. Eles utilizaram as tumbas como abrigo até a década de 1980, quando foram realocados pelo governo jordaniano para uma vila nas cercanias.
Até hoje, porém, esse povo do deserto mantém forte presença no enorme sítio histórico e usufrui da atividade turística intensa alugando cavalos, camelos e jumentos, levando os visitantes para passeios de charrete e vendendo artesanato.