Isaura Daniel
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São Paulo – A Petrobras, petrolífera brasileira, e a Companhia Nacional de Petróleo da Líbia (Noc), que pertence ao governo do país árabe, estão negociando cooperação. De acordo com o embaixador do Brasil em Trípoli, Luciano Ozório Rosa, há possibilidade de que a Petrobras treine no Brasil profissionais da estatal árabe em áreas como geologia e geofísica. As duas companhias vêm estreitando as suas relações em função de esforços dos governos dos dois países e desde que a Petrobras começou a operar na Líbia, em 2005. Na época, a empresa venceu uma concorrência para explorar petróleo no país árabe.
Hoje a Petrobras tem um escritório que ocupa um andar inteiro no maior edifício comercial de Trípoli e está fazendo levantamento sísmico, que é a busca pela commodity, em área marítima. No ano que vem, segundo o embaixador Ozório, as perfurações devem começar. A petrolífera brasileira demonstra intenção de ampliar a sua atuação no país. Ela está participando de uma licitação para explorar jazidas de gás na Líbia. Conforme a ANBA noticiou no começo de setembro, a Petrobras já foi escolhida, junto com um grupo de 35 companhias estrangeiras, na pré-seleção do processo. O resultado final sai em dezembro.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, enviou no dia 06 deste mês também uma carta ao presidente da Líbia, Muamar Khadafi, pedindo para que os dois países aumentem a sua cooperação em várias áreas, entre elas a de petróleo. A carta foi entregue pelo assessoria especial da Presidência da República do Brasil, Marco Aurélio Garcia, que esteve no país árabe. De acordo com o embaixador do Brasil em Trípoli, Lula pediu que fosse estendida a cooperação entre as companhias de petróleo dos dois países. A informação foi confirmada pela assessoria do gabinete de Marco Aurélio.
"Há um elemento positivo nas relações do Brasil e da Líbia que é o bom entendimento entre o presidente Lula e Khadafi. Lula foi o primeiro chefe de estado brasileiro a visitar a Líbia", diz o embaixador do Brasil em Trípoli. Ele lembra que após a visita do presidente do Brasil, vários outros líderes, da Grã-Bretanha, França e Espanha, estivaram no país árabe. Osório afirma que a Petrobras e a Noc tem setores em que podem estabelecer parcerias. Uma das possibilidades, segundo ele, é na recuperação secundária de poços.
O diplomata explica que em função de ter ficado fechado aos estrangeiros durante as décadas de 80 e 90, quando os Estados Unidos aplicavam sanções para quem negociasse com a Líbia, o país não teve acesso a algumas novas tecnologias para a exploração de petróleo. Com isso, em alguns campos já explorados há ainda cerca de 40% de petróleo. A Petrobras, segundo Ozório, desenvolveu tecnologia para recuperar esse óleo. A companhia brasileira também tem experiência de retirar petróleo em campos nos quais a perfuração é difícil pela sua estrutura geológica. Esses campos também existem na Líbia.
Atualmente o contrato da Petrobras no país árabe permite que ela explore petróleo e gás em uma área de 10.307 quilômetros quadrados no Mar Mediterrâneo. São quatro blocos marítimos, onde as águas têm entre 200 e 700 metros de profundidade. O contrato é válido por cinco anos, mas pode ser renovado por mais 20 anos. A Líbia tem reservas comprovadas de 42 bilhões de barris de petróleo.
Líbia e Noc
A Líbia fica no Norte da África e tem 95% das suas exportações atreladas ao petróleo. Um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) também está ligada à exploração da commodity. A Líbia tem planos de dobrar a sua produção de petróleo, segundo informações da Central de Inteligência Norte-Americana (CIA), e passar dos 1,72 milhões de barris por dia, número registrado no ano passado, para três milhões de barris no ano 2010.
A Noc, que significa National Oil Company, foi criada em 1970 no país árabe com objetivo de explorar o setor de petróleo e gás. Hoje, uma das missões da empresa, na Líbia, é também estabelecer parcerias e coordenar as operações de empresas estrangeiras na setor, no território líbio. A Noc tem sob o seu guarda-chuva diversas unidades industriais que atuam com exploração, refino, produção de petróleo e gás, além de derivados como amônia, uréia e metanol.

