Alexandre Rocha, enviado especial
Argel – Em breve a Petrobras e a Sonatrach, petrolífera estatal argelina, poderão operar em parceria. Em janeiro será realizada uma reunião entre as duas companhias, no Rio de Janeiro, para definir projetos de interesse comum. A idéia é estimular a cooperação em exploração e produção de petróleo e gás no Brasil, na Argélia, ou em outros países em que ambas tenham interesse.
Este foi um dos resultados dos encontros que o ministro brasileiro das Minas e Energia, Silas Rondeau, teve ontem (21) em Argel com seu colega argelino, Chakib Khelil, e com o presidente da Sonatrach, Mohamed Meziani.
Em 2003, quando a então ministra das Minas e Energia, hoje chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, esteve na Argélia, foi assinado um acordo de cooperação entre as duas estatais. Até hoje, no entanto, o tratado ainda não produziu resultados práticos, embora a Petrobras tenha participado de licitações na Argélia entre 2004 e 2005. Rondeau integra a missão comercial brasileira que está em Argel.
Outra companhia brasileira de grande porte que está de olho na Argélia é a construtora Andrade Gutierrez. Segundo o diretor da Zagope, braço da empreiteira em Portugal, Clóvis Martines, a companhia está participando de licitações para a construção de duas barragens no país árabe. Uma no valor de US$ 170 milhões e outra de US$ 40 milhões. "Esperamos um resultado ainda para este ano", declarou.
A empreiteira já opera em outros países da África e do Oriente Médio, como Camarões, Mauritânia, Angola e Emirados Árabes Unidos. Ela negocia também um contrato para a construção de um aeroporto na Guiné Equatorial, pretende prospectar os mercados da Líbia e da Grécia e está construindo um túnel para o trem TGV na Espanha. Hoje entre 35% e 40% do faturamento da empresa, que gira em torno de US$ 1 bilhão, é obtido com negócios no exterior.
Transporte e habitação
Outra empresa que recebeu proposta de parceria foi a Marcopolo, que fabrica ônibus. A SNVI, estatal argelina que produz veículos de transporte, tem interesse em importar veículos desmontados para finalização no país. "Eles estimam que terão uma demanda para algo entre 4 mil e 5 mil ônibus nos próximos anos", disse Mario Frizzo, do departamento de exportações da empresa em Portugal.
A Marcopolo tem linhas de montagem na África do Sul, Argentina, Colômbia e Portugal. No mundo árabe, ela exporta para países como Omã, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Bahrein.
De olho nos projetos de habitação, a Kofar, que produz casas pré-fabricadas com estrutura de aço galvanizado, levou maquete e folhetos em árabe em francês produzidos especialmente para a missão. As casas populares desenvolvidas pela empresa têm entre 30 e 70 metros quadrados.
Ao todo, representantes de quase 50 empresas e entidades setoriais participaram da missão liderada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Ontem a maioria deles participou de rodadas de negócios com empresários argelinos.