Rio de Janeiro – Depois de vários anos consecutivos com a balança comercial com saldo positivo, a Petrobras deverá fechar 2011 com déficit nas transações comerciais em função do aquecimento da demanda interna por derivados do petróleo, principalmente gasolina, disse nesta quarta-feira (17) o diretor de Abastecimento e Refino da companhia, Paulo Roberto Costa, ao adiantar que no primeiro semestre do ano a balança comercial já fechou com um saldo negativo de US$ 1,1 bilhão.
“O mercado interno está muito aquecido e o preço da gasolina vem apresentando na bomba preços mais atrativos do que o etanol, o que leva o consumidor a preferir abastecer seu carro com a gasolina. Em consequência nós importamos mais diesel e gasolina, além de petróleo leve para fazer a mistura necessária para que as nossas refinarias pudessem processar mais gasolina a partir do nosso petróleo pesado”.
Costa disse, ainda, que a Petrobras vai importar, até o fim deste mês, mais duas cargas de gasolina, totalizando 630 mil barris para recompor estoques e afastar o risco de desabastecimento, em função da demanda crescente. Segundo ele, até 2015 o país deverá continuar com uma defasagem entre a capacidade de refino e o consumo interno em torno de 5% a 10%. O volume dependerá do tamanho do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
"É preciso lembrar que há 32 anos não se faz nenhuma refinaria no país e, de lá para cá, o consumo vem crescendo, principalmente nestes últimos dois anos. E o grau desta dependência vai depender sempre da safra da cana-de-açúcar e da produção de etanol decorrente dela. Se a safra for maior, menos gasolina teremos que importar", disse.
Costa garantiu, porém, que "não faltará gasolina" para atender ao consumidor brasileiro. "Este risco de faltar gasolina para o consumidor brasileiro não existe. Até o fim do mês duas cargas totalizando 650 mil barris chegarão ao país e, possivelmente, novas cargas terão que chegar até o final do ano".

