São Paulo – O Plano de Negócios da Petrobras, anunciado em janeiro, para o período de 2009-2013, já está completamente financiado. A afirmação foi feita ontem (23), em São Paulo, pelo diretor financeiro e de relações com o investidor da companhia, Almir Barbassa. “Nos cinco primeiros meses do ano, a companhia obteve mais de US$ 30 bilhões de crédito no Brasil e no exterior. Essa foi a maior captação da história”, disse.
Segundo Barbassa, a Petrobras acessou diferentes fontes de crédito. Com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou cerca de US$ 12,5 bilhões e contratou empréstimos com bancos comerciais, nacionais e estrangeiros, no valor de US$ 6,5 bilhões, com o objetivo de refinanciá-los posteriormente por empréstimos de prazo mais longo no mercado de capitais.
Em março, a companhia emitiu US$ 1,5 bilhão de Global Notes no mercado internacional de capitais, sendo a primeira empresa brasileira a acessar o mercado externo após a crise. A operação teve uma demanda 3,5 vezes superior ao seu volume final e foi destinada para mais de 230 investidores, sendo a maioria dedicada ao mercado de renda fixa de empresas com alto grau de investimento.
No mês de abril, a Petrobras anunciou a aprovação de uma linha de crédito com o banco norte-americano US Export – Import Bank, no valor de US$ 2 bilhões, que poderá ser sacada em diferentes etapas nos próximos dois anos, de acordo com as importações de bens e serviços dos Estados Unidos. Em maio, conseguiu um financiamento de US$ 10 bilhões com o Chinese Development Bank (CDB) pelo prazo de 10 anos.
O Plano de Negócios da Petrobras, que estima investimentos de US$ 174,4 bilhões em cinco anos, foi revisto e contemplou um aumento significativo em relação ao plano anterior 2008-2012, com previsão de investimentos de US$ 112,4 bilhões. O aumento foi resultado de novos projetos no valor de US$ 47,9 bilhões, sendo 76,4% relacionado à área de exploração e produção.
De acordo com o diretor, o anúncio de maiores investimentos em um período de crise mundial aumentou o foco na análise do Plano de Negócios da companhia. “Apesar da crise, anunciamos um plano audacioso e que deu bastante trabalho”, disse. “O plano foi bem aceito, as ações valorizaram e tivemos um desempenho excepcional desde janeiro”, destacou.
O desempenho das ações da empresa nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York foi superior aos índices Ibovespa e Dow Jones e da cotação do barril de petróleo tipo Brent. Na Bovespa, as ações ordinárias e preferenciais apresentaram valorização de 51% e 45%, respectivamente. Na bolsa americana, as ADRs tiveram alta de 71% e 80%.
Segundo Barbassa, nos últimos quatro anos a empresa foi beneficiada pela melhor avaliação de risco da economia brasileira e da cotação internacional do petróleo. Aumentou significativamente sua produção, que passou de 2 milhões de barris de petróleo equivalentes por dia (boed) em 2004 para 2,4 milhões de boed em 2008, e apresentou uma forte geração de caixa, cerca de R$ 50 bilhões em 2008.
Investidores árabes
Barbassa também falou sobre a possibilidade de futuras parcerias com investidores árabes. “Não vou nomear países, mas temos conversado com muitos potenciais investidores árabes”, afirmou.
“Uma das possibilidades (de parceira) foi tratada pelo presidente Lula em maio quando ele esteve na Arábia Saudita (em visita oficial), e quando foi discutida a possível construção de uma fábrica de fertilizantes”, disse.
Vale lembrar que o país árabe está entre os principais produtores mundiais de matéria-prima de fertilizantes. A Arábia Saudita produz cerca de 2,7 milhões de toneladas de enxofre, por exemplo, matéria-prima fundamental para produzir ácido-fosfórico, muito utilizado na composição de fertilizantes.
“Isso foi discutido (a construção da fábrica), mas ainda demanda muita conversa. O Brasil demanda fertilizantes e a Arábia Saudita demanda alimentos”, acrescentou o diretor. Segundo ele, a parceira resultaria num “ganha-ganha” para os dois países.

