São Paulo – A queda nas importações brasileiras de países árabes deve ser revertida no ano que vem com uma possível alta do preço do petróleo. A commodity é o principal produto árabe comprado pelo Brasil, cujo preço médio deve fechar o ano na casa dos US$ 60 o barril, de acordo com o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires. No ano que vem, porém, se forem confirmadas as previsões de retomada mundial do crescimento econômico, o barril deve ser vendido entre US$ 70 e US$ 80.
Os valores impactarão na balança comercial do Brasil com os países da Liga Árabe. Nos nove primeiros meses deste ano, houve queda de 53,7% nas importações brasileiras de países árabes. O principal motivo foi a redução das compras de petróleo e seus derivados, que saíram de US$ 6,7 bilhões de janeiro a setembro do ano passado para US$ 3,3 bilhões no mesmo período deste ano. A queda foi de 50%. O petróleo respondeu por 86,6% de tudo o que o Brasil importou no mundo árabe de janeiro a setembro.
As causas principais desta redução, segundo Pires, são a crise econômica, que reduziu a demanda por petróleo no Brasil, e o fato de o país estar produzindo mais petróleo. A queda das importações brasileiras de petróleo foi geral, de acordo com ele, e não apenas do produto oriundo do mundo árabe. Tanto que no primeiro semestre deste ano, a Petrobras fechou a sua balança comercial com superavit de US$ 1,45 bilhão. Ou seja, exportou bem mais petróleo do que importou e isso deve continuar acontecendo até o final do ano.
Segundo Pires, no curto e médio prazo as importações de petróleo do Brasil vão depender do comportamento do preço do petróleo (em valores) e do crescimento econômico. No entanto, a longo prazo a tendência, em função da exploração da camada pré-sal, é que as importações sejam zeradas. Hoje o Brasil importa o petróleo do tipo mais leve, que o país não produz. O óleo do pré-sal, no entanto, é mais leve do que o que o Brasil já explora. O petróleo do pré-sal, porém, deve estar no mercado apenas por volta de 2015 a 2020.
O grande fornecedor árabe de petróleo para o Brasil, entre janeiro e setembro, foi a Arábia Saudita. O Brasil também importou, porém, petróleo de outras nações árabes, como Líbia, Argélia e Iraque. Houve redução nas vendas de todos estes países nos nove primeiros meses do ano. Em setembro, no entanto, a queda nas importações de petróleo árabe foi menor. Elas caíram apenas 6,6% sobre setembro do ano passado, de US$ 590 milhões para US$ 551 milhões. A participação do produto nas importações do mês foi de 89,4%.

