São Paulo – Uma parceria entre a Petrobras e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) já qualificou cerca de 2,3 mil empresas de pequeno porte, em 11 estados brasileiros, para serem fornecedoras de grandes empresas da cadeia de petróleo e gás.
O primeiro convênio entre as instituições foi assinado em 2004, e contou com o investimento de R$ 12 milhões. Já o segundo convênio, firmado em 2008, conta com R$ 32 milhões para a qualificação de novos fornecedores.
A coordenadora nacional da carteira de projetos de Petróleo e Gás do Sebrae Nacional, Eliane Borges, explica que existem licitações abertas pela Petrobras que contam com menos de três empresas concorrentes. Assim, neste momento, a parceria visa buscar empresas que possam participar das concorrências para fornecer os itens menos oferecidos no mercado. "A ênfase do novo convênio é buscar empresas que possam fornecer itens de baixa competitividade no cadastro", explica.
No convênio, o Sebrae é responsável pela busca e qualificação das empresas. O tempo de qualificação pode variar entre um ano e um ano e meio. "Depende do item que é oferecido, pode ser exigido mais ou menos", conta Eliane.
Ela diz que as pequenas empresas são qualificadas não somente para a venda direta à Petrobras, mas também para grandes empresas já contratadas da estatal. "As pequenas vão vender até mais para as grandes contratadas do que para a própria Petrobras".
Outro foco do projeto é fazer com que estas grandes empresas disponibilizem seus cadastros com os produtos nos quais têm interesse, além de divulgar seus processos e políticas de compra, em cadastros como o da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), disponível para acesso das pequenas empresas. "Precisamos tornar visíveis as empresas que têm competências", ressalta Eliane.
Aladio Antônio de Sousa, gestor de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras em Sergipe, diz que a cadeia de petróleo e gás é bastante complexa e que a empresa tem grande interesse em qualificar novos fornecedores. "Queremos desenvolver novos parceiros para que toda a cadeia tenha qualidade", afirma. "Às vezes, um produto que ninguém dá importância pode atrapalhar todo o processo. Há alguns meses, o poço de Tupi teve que parar por causa de um parafuso", exemplifica.
Para aproximar as pequenas e as grandes empresas, o convênio já promoveu 33 rodadas de negócios. A partir das expectativas medidas em 31 destes encontros, a avaliação é de que podem ser gerados R$ 1,5 bilhão em negócios.
Redes Petro
Para aumentar a competitividade das atuais e das potenciais fornecedoras, foram criadas as Redes Petro, que consistem em redes de empresas que recebem apoio de instituições como Sebrae e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), por exemplo, para sua qualificação na cadeia de petróleo e gás. De acordo com Eliane, juntas estas empresas conseguem tornar sua capacitação, promoção e divulgação mais baratas.
Atualmente, existem 24 projetos de qualificação com quatro focos estratégicos: inteligência competitiva; promoção da cultura da cooperação na cadeia produtiva; desenvolvimento de fornecedores e inovação, além de acesso ao mercado. Estes projetos estão localizados nos estados do Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. De acordo com Borges, as pequenas empresas esperam que estas oportunidades se ampliem devido às descobertas de petróleo na camada pré-sal.
Sousa relata ainda a necessidade da certificação das empresas que fornecem para a Petrobras em quesitos como qualidade, meio ambiente, segurança e saúde ocupacional. "Hoje, a Petrobras exige que seus grandes fornecedores estejam certificados ou trabalhem dentro destas normas. Então, os pequenos que têm visão mais ampla já estão partindo para esta certificação". Somente em Sergipe, o convênio já contabiliza 16 empresas certificadas em pelo menos um dos quesitos e quatro que possuem os três certificados.
Outra meta da parceria é promover a internacionalização das empresas. "As empresas entram no projeto para atender aos mercados local, nacional e internacional", conta Sousa.
Ao fazer um balanço do convênio, Sousa destaca que os resultados foram absolutamente positivos. "Superamos nossas expectativas. Os indicadores das metas que estipulamos mostra que foi um sucesso. Nossa meta é de que as empresas ampliassem suas vendas em 30%, em três anos, e algumas já aumentaram 200%".
As empresas que tiverem interesse em participar do projeto, devem entrar em contato com um posto do Sebrae.