São Paulo – A empresa paulista SuperBac desenvolveu um sistema especial de tratamento para a água que sai dos poços de petróleo no momento da extração. Criado sob encomenda da multinacional Partex, o sistema será utilizado pela empresa Petroleum Development Oman (PDO), de Omã. A companhia brasileira está montando uma estação de tratamento na capital do país árabe, Mascate, que deve começar a operar em um ano e terá capacidade inicial para tratar 100 mil litros de água por hora. A SuperBac já tem um escritório comercial no país árabe.
O sistema permite a retirada de 93% dos resíduos de hidrocarbonetos presentes na água que sai dos poços. Com isso, ela pode ser utilizada para irrigação ou para reinjeção dentro do próprio poço, operação necessária para manter a estabilidade do mesmo e não alterar a composição do óleo contido em seu interior.
Omar Grecco, diretor de Negócios e Tecnologia da SuperBac, explica que a empresa foi contratada pelo braço português da Partex para desenvolver o sistema de tratamento de água, já que a companhia tem forte atuação no Oriente Médio. “Várias empresas do mundo tentaram esse processo, mas não tiveram sucesso”, conta o executivo. Segundo Grecco, a SuperBac superou as expectativas da Partex, que esperava um sistema que pudesse retirar até 70% dos resíduos da água, enquanto a empresa brasileira conseguiu superar este percentual em 23%.
Grecco diz que a SuperBac já tinha soluções como esta no Brasil. “Adaptamos para atuar em condições diferentes das encontradas aqui”, relata. A SuperBac é uma empresa de biotecnologia e, além da área petrolífera, desenvolve soluções para os setores de varejo e serviços, saneamento e biorremediação, agronegócio e tecnologia da aplicação. “O grande desafio foi encontrar um blend de bactérias para degradar os poluentes naquele ambiente”, explica o executivo sobre as questões climáticas, fator que influenciou o desenvolvimento do sistema.
O investimento para a construção da estação de tratamento é de US$ 6 milhões e será feito em conjunto pela SuperBac e a Partex. O contrato com a PDO surgiu por meio da participação em uma feira na capital de Omã e, de acordo com Grecco, o sistema será apresentado em outros eventos no Oriente Médio, como a Abu Dhabi International Petroleum Exhibition and Conference (Adipec), nos Emirados Árabes Unidos, no qual a empresa participará em novembro.
O executivo diz que não pode revelar a expectativa de lucro da estação de tratamento em Omã e que o valor não está sendo projetado com base neste único contrato, mas considerando as novas possibilidades de negócios no Oriente Médio. "Mas estamos falando de alguns milhões de dólares”, explica. “É nosso interesse começar a explorar esse mercado e, através da solução de petróleo, levar para lá todas as soluções da SuperBac”, destaca Grecco sobre os planos da empresa para o mercado árabe. “É um mercado muito promissor e absolutamente estratégico para o nosso desenvolvimento”, completa.
O diretor conta que o sistema de tratamento da água pode ser adaptado às características de cada tipo de poço. “Isto é um diferencial e que chamou bastante a atenção”, destaca. “[O sistema da SuperBac] reduziu o tempo de tratamento da água com microorganismos para promover a degradação de residuais”, explica. Grecco diz ainda que, além da irrigação e da reinjeção nos poços, a água tratada com o sistema da SuperBac pode ser utilizada também para uso em descargas ou lavagem de ambientes externos. Quanto à potabilidade, porém, é necessário um outro tipo de tratamento para que seja viável.
A SuperBac foi fundada em 1995 e, além das operações no Brasil, mantém unidades fabris nos Estados Unidos e na Colômbia. A área de pesquisa e desenvolvimento da empresa fica na cidade de Mogi Mirim, interior de São Paulo.
Com 150 funcionários, a empresa tem a divisão de saneamento como seu carro chefe e retira a maior parte de seu faturamento do mercado interno. Entre seus principais clientes estão a Suzano Papel e Celulose, Ambev, Coca-Cola, Natura, além de outras em diversos segmentos da indústria.
A PDO, de Omã, é uma empresa de capital privado atuante na perfuração e extração de poços de petróleo.