São Paulo – A petrolífera italiana Eni vai voltar a operar na Líbia. De acordo com informações da agência de notícias Kuna, do Kuwait, o executivo chefe da companhia, Paolo Scaroni, assinou um acordo com o Conselho Nacional de Transição (CNT) do país árabe na segunda-feira (29), em Benghazi, após a tomada de Trípoli pelos rebeldes que combatem o regime de Muamar Kadafi. Ele prevê a reativação de um gasoduto que abastece a Itália e o fornecimento de combustíveis ao mercado líbio em troca de petróleo.
Segundo a Kuna, a empresa informou que o acordo cria o compromisso de "criação das condições para uma retomada rápida e completa das atividades da Eni na Líbia" e de que "será feito o necessário para o recomeço das operações do gasoduto".
A agência acrescentou que a companhia vai suprir "as necessidades de derivados de petróleo" do país árabe e realizar uma avaliação da infraestrutura petrolífera líbia "até que ela esteja totalmente operacional".
A Kuna destaca que a Eni era a maior produtora estrangeira de petróleo em operação na Líbia até a eclosão da revolta contra Kadafi, no início deste ano. Desde então as atividades estão suspeitas.
A agência ressalta ainda que o premiê italiano, Silvio Berlusconi, anunciou que o acordo será uma forma de apoiar a Líbia na era pós-Kadafi. Antes do início do conflito, Berlusconi era um dos principais aliados ocidentais do governo Líbio. Em 2008, os dois países assinaram um Tratado de Amizade, depois o premiê italiano visitou Trípoli e Kadafi esteve em Roma.
O acordo supostamente colocava fim ao ranço colonial existente entre os dois países e previa pagamento de indenização pela Itália e investimentos na Líbia, mas com a eclosão da violência no país árabe os italianos anunciaram sua suspensão. A Líbia foi colônia da Itália de 1911 até a 2ª Guerra Mundial.
Fim do embargo
Em outro movimento, de acordo com a France Presse, a União Europeia deverá levantar as sanções impostas aos portos líbios e a 22 entidades econômicas do país até sexta-feira. Com a violenta repressão do regime de Kadafi à revolta, a UE congelou os ativos de cerca de 50 instituições em impôs embargo a seis autoridades portuárias líbias, de acordo com a agência.
Com o dinheiro do petróleo, o regime líbio fez diversos investimentos no exterior. Segundo reportagem do jornal britânico Financial Times, há agora uma disputa dentro do CTN sobre o controle do fundo soberano do país, que tem patrimônio estimado em US$ 65 bilhões.

