Rio de Janeiro – O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, soma de todos os bens e serviços produzidos no País, fechou 2013 com um crescimento de 2,3 %. O PIB totalizou R$ 4,84 trilhões no ano, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2012, a economia brasileira havia crescido 1%.
No quarto trimestre de 2013, o PIB cresceu 0,7% na comparação com o trimestre anterior e 1,9% na comparação com o mesmo período de 2012. O resultado ficou acima das previsões de analistas do mercado financeiro. No terceiro trimestre, a economia havia recuado 0,5% frente ao segundo.
Pelo lado da produção, os três setores da economia tiveram crescimento em 2013, com destaque para a agropecuária (7%). Os serviços cresceram 2% e a indústria, 1,3%. Pelo lado da demanda, a maior alta veio da formação bruta de capital fixo (investimentos), que cresceu 6,3%. Também tiveram crescimento o consumo das famílias (2,3%) e o consumo governamental (1,9%).
O percentual de crescimento da agropecuária foi o maior desde 1996, quando começou a atual metodologia de cálculo do PIB. “O grande destaque positivo foi a soja, que teve um aumento da produção com ganho de produtividade”, disse a pesquisadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Segundo o instituto, a produção de soja cresceu 24,3% em 2013, com um aumento de área plantada de apenas 11,3%. Outros produtos agrícolas que tiveram crescimento em 2013 foram a cana-de-açúcar (10%), o milho (13%) e o trigo (30,4%).
Entre os destaques do setor de serviços estão as atividades de serviços de informação (alta de 5,3%), transporte, armazenagem e correio (2,9%), e comércio (2,5%). Os serviços respondem por quase 70% do setor produtivo brasileiro.
A indústria foi o setor produtivo que apresentou menor alta. Os destaques foram a produção e distribuição de eletricidade, gás e água (2,9%), a indústria de transformação (1,9%) e a construção civil (1,9%). A indústria extrativa mineral foi a única atividade industrial que teve queda em 2013 (-2,8%).
Investimentos
Na seara da demanda, o grande destaque foram os investimentos. O principal motivo do aumento foi a alta da demanda por máquinas e equipamentos, que cresceu 10,2%. A fatia dos investimentos no PIB passou de 18,2% em 2012 para 18,4% em 2013.
“Os investimentos foram a grande diferença, já que em 2012 eles tinham caído 4%. O governo fez várias linhas de financiamento (como as do BNDES). Programas imobiliários, como o Minha Casa, Minha Vida, também contribuíram”, afirmou Palis.
O consumo das famílias cresceu pela décima vez consecutiva, puxado pelo aumento de 2% da massa salarial real e de 8,5% nas operações de crédito para pessoa física.
Apesar disso, o ritmo de aumento do consumo continua caindo. Em 2012, por exemplo, a alta havia sido 3,2%. Entre os motivos que levaram à redução do ritmo estão o aumento da inflação e da taxa de juros que impactam, respectivamente, o poder de compra e as operações de crédito.
No setor externo, as importações cresceram mais (8,4%) do que as exportações, que tiveram alta de 2,5%. Isso fez com que o setor externo contribuísse de forma negativa.
Tendência
Em Brasília, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que o desempenho do PIB em 2013 denotou uma expansão de qualidade, puxada pelos investimentos.
Mantega afirmou que o crescimento mostra que a economia está em trajetória de aceleração gradual em relação a 2012. Ele disse que o resultado prosseguirá como tendência em 2014. “É importante ressaltar que o crescimento de 2013 foi um crescimento de qualidade, [já que] foi puxado, entre outras coisas, pelos investimentos.” Ele acredita que este ano o avanço do PIB pode ser um pouco maior e que os investimentos devem crescer.
Segundo o ministro, apesar dos resultados pouco expressivos da indústria nos últimos dois anos, o setor pode voltar a ter papel fundamental nos resultados futuros. “A indústria sofreu por falta de dinamismo do mercado mundial, não apenas do mercado brasileiro: o setor poderá crescer mais, aumentando as exportações, em razão do câmbio mais favorável.” O dólar teve forte valorização sobre o real no último ano.
De acordo com Mantega, o cenário futuro será influenciado pela estabilidade cambial, investimentos crescentes e ingressos de capitais no País. Os empresários brasileiros poderão também ter mais crédito no exterior, de acordo com ele.
Comparação
O crescimento da economia brasileira, no entanto, ficou abaixo da estimativa feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para a média mundial, que é de 3%.
Apesar disso, o PIB do Brasil foi um dos que mais avançou entre as maiores economias. O País cresceu menos do que a China (7,7%) e que a Coreia do Sul (2,8%), por exemplo, cresceu mais do que os Estados Unidos (1,9%), Reino Unido (1,9%), África do Sul (1,9%), Japão (1,6%), México (1,1%), Alemanha (0,4%), França (0,3%) e Bélgica (0,2%). A Zona do Euro como um todo avançou apenas 0,4%.
*Com informações da redação da ANBA


