São Paulo – O Produto Interno Bruto (PIB) da Líbia deverá continuar a crescer em 2013, mas em ritmo menor do que em 2012 e maior do que em 2011, quando um levante popular resultou na queda e morte do ditador Muamar Kadafi. No entanto, de acordo com um levantamento sobre as contas do país divulgado na quinta-feira (23) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a Líbia precisa implantar políticas de transparência no uso do dinheiro e combater crimes financeiros.
De acordo com as estimativas do FMI, o PIB líbio vai crescer 20,2% neste ano e chegar a US$ 94,6 bilhões. Em 2012, o PIB cresceu 104,5% em relação a 2011, mas devido à retomada da produção de petróleo, à posse de um novo governo e ao desbloqueio de ativos estrangeiros do país que haviam sido suspensos quando opositores do regime de Kadafi lutavam para assumir o poder. O documento do FMI prevê também que neste ano a inflação será de 2,1%. Em 2012, foi de 6,1% e, em 2011, de 15,9%.
O setor petrolífero continua a ser a principal fonte de receitas da Líbia. Em 2012, o país exportou o equivalente a US$ 62,2 bilhões, dos quais US$ 61 bilhões em petróleo e derivados.
Técnicos do FMI que visitaram a Líbia em maio afirmam no documento que o país do Norte da África está no caminho do crescimento e da estabilidade econômica, mas pode ter problemas no futuro. Observaram que as incertezas políticas e econômicas prolongadas e as grandes flutuações no preço do petróleo “adicionam” desafios ao governo de transição. Para superá-los, o FMI recomendou que as autoridades líbias coloquem em prática um programa de reforma da economia.
“Os diretores [do Fundo] aprovaram a intenção das autoridades [líbias] em articular e implantar uma visão estratégica para o desenvolvimento econômico, incluindo o estabelecimento de uma estrutura de governança baseada na transparência e prestação de contas. Eles observaram que instituições eficientes e com credibilidade e um ambiente de negócios favorável serão fundamentais para criar oportunidades de empregos no setor privado e reduzir a dependência dos hidrocarbonetos”, afirmou o documento, que também observou que o país precisa combater crimes financeiros como a lavagem de dinheiro e também o financiamento ao terrorismo.
No começo deste ano, o governo líbio aprovou uma lei que proíbe a cobrança de juros em transações financeiras e que entrará em vigor em 2015. Essa lei segue as regras das finanças islâmicas, que proíbem que bancos cobrem juros. O FMI argumentou, porém, que se a adoção desta lei não for adiada, as instituições financeiras poderão ter dificuldades em emprestar dinheiro. O FMI alertou ainda que a política econômica empregada atualmente está “inclinada” a repassar subsídios e aumentos de salários, o que prejudica as contas do país e reduz sua capacidade de atender prioridades, como os investimentos em infraestrutura.


