São Paulo – Omã deve crescer entre 8% e 9% em 2008 e 2009, segundo relatório do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), uma associação global de instituições financeiras. De acordo com a instituição, o saldo em conta corrente de Omã, os preços petrolíferos elevados e o forte crescimento das exportações não petrolíferas do país, que devem alcançar US$ 10,1 bilhões este ano, ou 18,6% do Produto Interno Bruto (PIB), são razões para esse desempenho. Os dados contam de reportagem publicada no site do jornal Emirates Business 24/7, de Dubai.
O preço do petróleo e o forte crescimento das exportações de derivados de maior valor agregado levaram a US$ 15,7 bilhões as exportações petrolíferas do país em 2007, aumento de 8% sobre o ano anterior. O gás natural foi responsável por US$ 3,1 bilhões. Petróleo e gás foram responsáveis por 75% da pauta de exportações do país em 2007, alcançando US$ 18,8 bilhões, aumento de 7,3% na comparação com o ano anterior.
Nos últimos anos, segundo o Emirates Business, Omã tem feito grandes investimentos na melhoria de sua tecnologia para extração de petróleo, conseguindo frear a queda nos níveis de produção do país. Nos primeiros cinco meses de 2008, a produção ficou estável, aliada a um aumento de 59,5% na produção de gás natural. Isso resultou em crescimento de 4,3% nas vendas de hidrocarbonetos do país na comparação com igual período de 2007.
"Após uma década de estagnação, a produção petrolífera do país deve voltar a crescer este ano devido a uma melhora na tecnologia de exploração e um aumento de 70% esperado na produção de gás", diz o relatório do IIF.
O orçamento de Omã para o ano de 2008 foi calculado tomando como base um conservador preço do barril do petróleo a US$ 45, mas como os preços estão bem mais elevados, espera-se um superávit de 20% do PIB este ano. Tomando como base os primeiros seis meses do ano, a IIF estima que em 2008 o preço médio do barril de petróleo de Omã fique em US$ 100. Aliado a um aumento na produção, as receitas com vendas petrolíferas ao mercado internacional devem alcançar US$ 26 bilhões este ano e US$ 29 bilhões em 2009. Já o gás natural deve render US$ 5,4 bilhões este ano e outros US$ 5 bilhões em 2009.
Com este crescimento, a relação entre PIB e dívida externa de Omã deve cair para cerca de 5%, aliada ao forte crescimento das reservas em moeda estrangeira do país. Espera-se um saldo em conta corrente de US$ 8,7 bilhões em 2009, segundo o Emirates Business.
Omã está diversificando sua economia, atraindo indústrias que operem utilizando o gás natural e também manufaturas e empresas turísticas. O governo do país também encoraja ativamente o setor privado. "Os maiores desafios econômicos para o país serão o controle da inflação, criação de empregos, educação e treinamento necessário para o desenvolvimento do setor privado", acrescenta o relatório.
O setor de serviços, principal ramo não petrolífero do país, é atualmente responsável por 12,6% do PIB, com forte crescimento nos setores de atacado e varejo, causado por um aumento de renda e menor desemprego. Entretanto, no turismo, setor chave para a diversificação da economia do país, houve uma queda de 19,8% devido ao ciclone Gono, que atingiu o Golfo no ano passado, mas o crescimento retornou este ano.
A indústria de transformação, segundo maior setor não petrolífero do país e responsável por 10% do PIB, apresentou bom crescimento devido à produção da refinaria de Sohar, que ampliou em 149% a produção petroquímica de Omã. Também começaram a operar novas fábricas petroquímicas no período.
O setor de construção, responsável por 3% do PIB, também cresce muito, devido a grandes investimentos públicos e privados em projetos de infra-estrutura, industriais e de turismo, além de empreendimentos comerciais.
Embora Omã não publique estatísticas sobre desemprego, segundo o site, estima-se que os níveis de desemprego no país tenham caído para cerca de 5%, após crescer nos últimos anos. O número de trabalhadores nativos de Omã no setor privado cresceu 15,3% em 2007, alcançando 131.775. Já no caso de trabalhadores estrangeiros, que representam 83% da mão-de-obra no setor privado, o crescimento foi ainda maior, 25%, devido à forte atividade do setor de construção.
Como ocorre com as outras economias do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), a inflação ainda é uma grande preocupação em Omã. Ela tem aumentado este ano devido a uma combinação de fatores: crescimento dos gastos públicos, grande liquidez, depreciação do dólar frente às principais moedas internacionais (o rial de Omã é atrelado ao dólar), salários e aluguéis crescentes, um forte aumento nos preços das commodities, especialmente alimentos, e o custo de materiais de construção.
A inflação de 12 meses até junho de 2008 foi de 14%, contra 5,2% em igual período do ano anterior. Este crescimento foi causado principalmente por um aumento de 23,9% no custo de alimentos, bebidas e fumo e de 17,4% no custo dos aluguéis. Estas duas categorias têm peso de 45,7% no Índice de Preços ao Consumidor do país.
O governo de Omã, que é membro do GCC, bloco econômico que inclui também Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos e Kuwait, está tomando medidas para controlar os aumentos de preços. Além de ações para reduzir a liquidez, também estão sendo criados preços máximos para o aluguel e subsídios em alguns alimentos. Embora restem algumas pressões, o IIF espera que a inflação deva cair no segundo semestre de 2008 e ainda mais em 2009.
*Tradução de Mark Ament

