São Paulo – A empresa brasileira de calçados femininos Piccadilly exporta 35% de sua produção para mais de cem países, incluindo doze árabes, que correspondem a 12% do total exportado. A empresa conta com 14 lojas exclusivas da marca no Kuwait e três na Arábia Saudita, e pretende aumentar a fatia de mercado nos países árabes para 15% até o final do ano. Na imagem acima, foto de loja na Arábia Saudita.
A companhia foi fundada há 65 anos e sua sede fica em Igrejinha, no estado do Rio Grande do Sul. “É uma empresa muito tradicional do setor calçadista e tem uma cultura exportadora muito forte”, disse à ANBA a gerente de exportação da Piccadilly, Bruna Kremer.
A atuação no exterior é apenas com marca própria. “Temos muito orgulho de dizer que atuamos com marca própria, diferente de outras empresas que estão na região, pois sabemos que nos últimos anos o Brasil se tornou competitivo para demandas de private label (terceirização da produção para atender outras marcas), com o que não trabalhamos”, explicou.
A Piccadilly tem forte atuação principalmente na América Latina, por uma questão logística e por já ter uma presença de muitos anos na região, contou Kremer. A gerente afirma que a alta do dólar melhora o cenário de exportações, deixando o produto brasileiro mais competitivo diante da concorrência.
A companhia começou a exportar na década de 1990 e nos anos 2000 já vendia a alguns países árabes, quando a equipe de vendas começou a participar de feiras regionais. “Hoje os países árabes têm uma representatividade importante para nós”, informou Kremer. Os doze países árabes com os quais a empresa trabalha são Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Omã, Argélia, Tunísia, Marrocos, Egito, Líbano e Líbia.
A Piccadilly produz calçados femininos direcionados para o conforto ligado às tendências da moda. “A mulher árabe gosta muito de se arrumar, é muito vaidosa e investe muito em acessórios, como bolsas, perfume e maquiagem, e para o nosso tipo de produto é super favorável porque são sapatos de salto com conforto”, avaliou Kremer, que mencionou ainda a ascensão do mercado de tênis, outro produto da marca.
O principal concorrente da Piccadilly nos países árabes é a China, tanto pela questão logística quanto pelo preço, disse Kremer. “Embora o nosso preço esteja tão competitivo quanto o da China desde 2019, por conta da valorização do dólar. Além disso, o calçado brasileiro é muito mais valorizado, é sinônimo de qualidade e design”, declarou.
A presença da Piccadilly nos países árabes se dá vendendo a importadores que fazem a distribuição dos calçados, comercializando diretamente a lojistas de redes multimarcas e com os parceiros que têm lojas próprias.
As lojas exclusivas não são franquias, são de parceiros que enxergaram a oportunidade de negócio em ter uma loja da marca. “Só fazemos um layout padrão e apoio de marketing, com vídeos e fotos, mas não é franquia”, explicou Kremer.
Kuwait
Sobre as 14 lojas de marca própria em um país pequeno como o Kuwait, Kremer contou que o parceiro de vendas no país identificou essa oportunidade porque lá não há muitas lojas multimarcas. “Com a loja de nossa marca, também oferecemos um serviço mais qualificado, com treinamento de profissionais, e os clientes têm acesso a toda a coleção, o que não acontece em lojas multimarcas, que compram apenas alguns modelos”, avaliou.
A Piccadilly atua no Kuwait há quase 16 anos. O país representa 40% do total exportado ao mundo árabe, seguido pelos Emirados Árabes Unidos, com 25%, e Arábia Saudita, com 10%. “Vendemos um volume muito grande, o Kuwait é realmente um fenômeno de vendas e a ótima performance é reflexo de nosso parceiro local que investe bastante na marca”, explicou.
Crescimento
Para aumentar a fatia do mercado árabe nas exportações, a Piccadilly pretende explorar os meios digitais, entre outras ações. “Faremos isso explorando melhor os canais e essa questão do digital, que para muitos clientes ainda era desconhecida, e vimos que tomou uma relevância importante no ano passado e neste. Também notamos um crescimento acima da média no Marrocos e no Egito”, contou.
A longo prazo, Kremer disse faz parte do planejamento estratégico da empresa abrir lojas de marca própria nos Emirados Árabes.