São Paulo – As micro e pequenas empresas (MPEs) correspondem a 56% do total de companhias brasileiras exportadoras. Suas vendas, contudo, representam apenas 1% do valor total dos embarques ao exterior, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Os negócios, no entanto, têm potencial para crescer, e o Plano Nacional de Exportações 2015-2018 (PNE) desenvolvido pelo governo pode ajudar no processo de internacionalização.
O PNE irá atuar em cinco áreas estratégicas: acesso a mercados, promoção comercial, facilitação de comércio, financiamento e garantia às exportações, e aperfeiçoamento de mecanismos e regimes tributários de apoio às exportações.
Sócio-líder da consultoria Deloitte para atendimento a empresas emergentes, Ricardo Teixeira afirma que o plano pode ajudar as MPEs a exportar e alcançar novos mercados, mas poderia ter mais instrumentos para elas. “Todos os pontos alocados no projeto são importantes [para as pequenas empresas], mas poderia ter havido um foco maior nas MPEs. Elas compreendem uma parcela grande de instituições, mas o plano não é customizado para atendê-las. Poderia ter sido feita uma medida específica para elas”, disse o executivo.
Teixeira afirma que a logística brasileira é um desafio ao pequeno exportador, pois seus custos têm uma influência maior no seu orçamento do que no dos grandes exportadores. Ele observa também que o plano não deixou claro, ainda, como será feito o aperfeiçoamento do regime tributário das exportações, mas afirma que a proposta de maior acesso a financiamento é fundamental. “Financiamento e recursos às exportações são fundamentais para as pequenas empresas, que precisam muito de capital de giro”, declarou.
Para o gerente da Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae, Paulo Alvim, o PNE atende à demanda dos pequenos e médios exportadores brasileiros.
“O país pretende ampliar as ações de acesso a mercados, o que é um desafio para o pequeno negócio, por causa dos altos custos”, afirmou Alvim. “O plano também prevê o aperfeiçoamento e reforço de mecanismos para que os pequenos negócios tenham maior acesso a garantias e financiamentos”, acrescentou.
Dever de casa
O maior desafio para o crescimento da exportação das pequenas e médias empresas brasileiras ainda está dentro delas. Alvim afirma que exportar tem que ser parte da cultura da companhia, que precisa se capacitar e incluir a internacionalização como uma de suas estratégias. “A partir daí, definir um percentual do seu faturamento que será destinado ao mercado internacional. Independentemente do que aconteça no mercado externo (câmbio, taxa de juros), ele (o pequeno empresário) deve buscar essa meta”, destacou.
Teixeira afirma que as MPEs que desejam exportar precisam “fazer o dever de casa”. Alguns dos desafios são participar de feiras e eventos, buscar parceiros locais, desenvolver um projeto que tenha continuidade, precisam ter capacidade para atender a demanda do cliente, devem garantir a qualidade dos produtos, e saber os processos e legislação de cada país em que atuam.
Se fizerem “o dever de casa”, elas têm chances de sucesso, pois há potencial para isso. Dados do Banco Mundial indicam que o comércio exterior representa 27,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Nas seis maiores economias do mundo, esse percentual é de 53,4%.
Se comparado aos demais países do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil tem uma economia pouco internacionalizada. “Isso é ruim e é bom, porque mostra que há um espaço grande a ser recuperado”, afirmou Teixeira.


