Cairo – Ontem (11), no segundo dia de visita ao Cairo, os representantes do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do Brasil (MDS) reuniram-se com o coordenador residente no Egito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), James Rawley, e sua equipe, para discutir sobre a adaptação dos programas sociais brasileiros às condições egípcias.
“Eles nos explicaram que o governo egípcio está ansioso para iniciar, o mais cedo possível, uma reforma na área social. Por isso os representantes do PNUD ficaram felizes em nos apontar e mostrar ao governo egípcio o quanto eles precisam conhecer melhor não só os programas brasileiros, mas também o caminho por nós percorrido”, disse o coordenador geral de benefícios do programa Bolsa Família, Anderson Brandão.
A partir das discussões mantidas com os representantes do PNUD e as explicações fornecidas sobre as necessidades egípcias no plano social, os membros da delegação do MDS concluíram que as políticas brasileiras podem representar trilhas de cooperação com o Egito. “Como conseqüência dessas discussões, os membros do nosso grupo sentiram uma forte convicção de que nossa cooperação com o Egito no plano social terá uma grande importância para a sociedade do país”, ressaltou Brandão. “Isso na medida em que a própria ONU reconhece que a experiência brasileira pode e deve ser ensinada aqui no Egito”, acrescentou.
De acordo com ele, a melhor prova do apoio do PNUD à cooperação do Egito com o Brasil na área social é o fato de que seu representante no Cairo manifestou clara disposição em promover as experiências brasileiras junto ao governo egípcio.
No final da tarde de ontem, os membros da delegação brasileira foram recebidos pelo ministro egípcio da Solidariedade Social, Ali El-Sayed Al-Moselhy. Durante o encontro, ele procurou conhecer mais detalhes dos programas sociais brasileiros. De acordo com os membros da delegação brasileira, o ministro tentou compreender em profundidade os mecanismos dos planos brasileiros, sendo que sua principal preocupação foi o aspecto da capacitação dos recursos humanos para implementação dos programas.
Os representantes do MDS explicaram ao ministro a visão brasileira segundo a qual o desenvolvimento social é um pré-requisito para o desenvolvimento econômico. “Nossa principal preocupação foi demonstrar como iniciativas como a transferência de renda, por exemplo, podem contribuir para ativar e dinamizar a economia”, disse Brandão.
Os membros do grupo reafirmaram a Moselhy o grande interesse do Brasil em intensificar sua cooperação com o Egito na área social, pois ela se enquadra nas diretrizes do governo Lula de fomentar a aproximação no eixo Sul-Sul.
Segundo Brandão, o momento vivido pelo Egito é o de tomada de decisões sobre quais modelos podem ser aplicados à sua realidade. “Os egípcios precisam justificar à sua sociedade o porquê da adoção de um programa social como o Bolsa Família, por exemplo. E isso só poderá ocorrer se eles mostrarem o valor dessa experiência”, afirmou Brandão, acrescentando que isso também ocorreu no Brasil quando foram lançados os programas.
A assessora da Secretaria Nacional de Assistência Social, Luziele Tapajós, contou, no entanto, que, no caso do Brasil, os programas sociais nasceram na própria sociedade e foram conseqüência de um longo debate. “Mas estou certa de que a experiência brasileira pode, sem dúvida, inspirar os egípcios e ajudá-los a desenvolver um programa adaptado às necessidades locais”, declarou.
Brandão afirmou que existe um interesse explícito do governo egípcio nos programas brasileiros, especialmente nas áreas de assistência social, segurança alimentar e transferência de renda, como o Bolsa Família. “É por isso que estamos aqui. O importante é que eles tomem decisões técnicas sobre como lançar programas egípcios, mas que tenham como pano de fundo experiências bem sucedidas, como as dos programas sociais brasileiros”, disse.