São Paulo – A população de Dubai deve cair 8% este ano devido ao efeito que a crise financeira global terá no setor imobiliário do emirado, reduzindo a demanda imobiliária e o faturamento de grandes empresas do setor. As informações são da pesquisa realizada pela UBS, uma das principais empresas de asset management globais, sediada na Suíça e com operações em mais de 50 países, que foi divulgada pelo jornal Khaleej Times, de Dubai.
Uma redução no fôlego do setor imobiliário, que emprega metade da população economicamente ativa de Dubai, pode afetar a entrada de trabalhadores estrangeiros no emirado, o que resultará em um excedente de unidades habitacionais e uma queda entre 5% e 10% no faturamento de grandes empresas do setor, como a Emaar Properties, segundo a nota da UBS. No quarto trimestre de 2008, segundo notícia publicada no jornal britânico Financial Times (FT), os preços de imóveis no emirado caíram 8%.
"O encolhimento no mercado de habitação aliado às desafiadoras condições macroeconômicas pode levar a uma redução no número de trabalhadores estrangeiros se mudando à região atrás de empregos [atualmente, segundo o FT, 90% da população do emirado é de expatriados] e menos investimentos no setor imobiliário", segundo informou o analista Saud Masud na nota.
De acordo com o jornal britânico, já está havendo uma redução nos investimentos do setor e em grandes projetos, como algumas das ilhas em forma de palmeira e de um projeto de urbanização de um canal, que foram postergados por período indeterminado.
Empreiteiras do emirado estão reduzindo o número de funcionários e o governo de Dubai passou a limitar a um mês o período que expatriados podem passar no país após a perda de seu emprego. Para o jornal britânico, isso pode acentuar ainda mais a queda do preço dos imóveis no emirado e ampliar a fuga de residentes.
O crescimento populacional contínuo nos emirados vizinhos, principalmente em Abu Dhabi, onde fica a capital do país, deve ajudar a reduzir o impacto da crise nos Emirados como um todo, segundo informa o relatório da UBS. Para a organização, a população do país não deve crescer em 2009 e 2010.
"A demanda por propriedades deve cair e o problema pode ser agravado caso haja saída de trabalhadores", escreve o analista. O volume de mão de obra no setor de construção e imóveis de Dubai pode cair 20% e 10% respectivamente em 2009 e 2010, segundo o estudo da UBS, levando a uma queda populacional de 8% em 2009 e 2% no ano seguinte. De acordo com o analista do UBS, estima-se que até 2010 haja um excedente habitacional de 27% (ou 87 mil unidades) em Dubai.
A organização acredita que as principais incorporadoras imobiliárias de Dubai crescerão pouco no período. Ele estima que a Emaar Properties terá faturamento de 20,47 bilhões de dirhans (US$ 5,57 milhões) em 2009 e 20,66 bilhões de dirhans (US$ 5,62 bilhões) em 2010. Já as receitas da Union Properties, segundo o analista, devem alcançar 4,39 bilhões de dirhans (US$ 1,19 bilhão) e 5,42 bilhões de dirhans (US$ 1,48 bilhão) nos próximos dois anos, segundo a nota.
*Tradução de Mark Ament

