São Paulo – O porto Khalifa, em Abu Dhabi, é um dos mais importantes da região do Golfo e tem atualmente capacidade para movimentar 2,5 milhões de TEUs, unidade que equivale a um contêiner de 20 pés. A meta é alcançar e talvez até ultrapassar os 9,1 milhões de TEUs até 2021, de acordo com o CEO da Abu Dhabi Ports, companhia que opera o porto da capital dos Emirados Árabes Unidos, Saif Al Mazrouei. “O projeto de expansão está em andamento e em dois anos estará em operação. Nós construímos ilhas no mar, temos uma preocupação com o meio ambiente”, disse Mazrouei, acrescentando que há dois anos a capacidade do porto era de 1,5 milhão de TEUs.
O executivo falou durante seminário sobre oportunidades de negócios na Zona Franca e Porto de Abu Dhabi, nesta quarta-feira (27), na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo. A apresentação reuniu cerca de setenta representantes de empresas de alimentos, café, cosméticos, mineradoras, construtoras, tradings e consultorias de comércio exterior, entre outros interessados.
Falaram no evento o diretor comercial da zona franca de Abu Dhabi – a Khalifa Industrial Zone (Kizad) -, Khalid Al Marzooqi, o cônsul dos Emirados em São Paulo, Ibrahim Salem Alalawi, a especialista do departamento de serviços de exportação da Dubai Exports, Zilda Rosa, o engenheiro e agente da Kizad, Eduardo Kezh, o vice-presidente de relações internacionais da Câmara Árabe, embaixador Osmar Chohfi, e a gerente de inteligência de mercado da entidade, Ana Becker. Na foto acima, da esquerda para a direita, o presidente do Conselho de Administração da Câmara Árabe, Walid Yazigi, Chohfi, Mazrouei, Alalawi e Marzooqi assinam memorando de entendimento entre a Câmara Árabe e o Porto de Abu Dhabi.
“Abu Dhabi tem um dos maiores portos da região e um potencial de negócios de bilhões de dólares. Estou orgulhoso de ver empresas brasileiras na Kizad. Se você já tem uma operação nos Emirados ou quer montar uma, estamos aqui para ajudar”, disse Mazrouei. “Estamos aqui após a visita do presidente do Brasil aos Emirados em outubro, nós gostaríamos de explorar mais oportunidades de atração e realização de investimentos. Estamos buscando diversas oportunidades de investimentos aqui, já visitamos o Rio, Itajaí e São Paulo, e gostaríamos de oferecer oportunidades de negócios para as empresas brasileiras em Abu Dhabi e região, e mostra como elas podem ampliar seus negócios globalmente usando nossos serviços da Kizad”, acrescentou Marzooqi.
O diretor informou que a Kizad tem duas instalações, a zona franca e a zona local, e para saber qual a melhor opção para uma empresa é preciso analisar o mercado consumidor. “Se for um consumidor local ou da região, dependendo do modelo de negócios, há variações sobre a questão de alfândega que devem ser analisadas caso a caso”, disse Marzooqi.
Segundo ele, a maioria dos países do entorno dos Emirados são emergentes, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 5% ao ano e população jovem. O porto Khalifa e sua zona franca estão localizados estrategicamente entre Dubai e Abu Dhabi, e seus setores prioritários são polímeros, metais, alimentos, automóveis, petróleo e gás, logística e energia. Como diferenciais da Kizad para as empresas brasileiras que querem atuar no exterior, Marzooqi citou o baixo custo, a rapidez, a escala de crescimento, a comunidade no entorno e a previsibilidade ou segurança nos negócios.
“Somos uma one-stop shop (guichê único), você pode começar pequeno, com um escritório, e depois ir ampliando a operação aos poucos. A JBS começou assim e hoje tem uma grande operação na região”, disse o diretor se referindo à gigante de alimentos brasileira que atua no Golfo Árabe mas não está na zona franca. A BRF, outra indústria brasileira de alimentos, começou as operações na Zona Franca de Jebel Ali, em Dubai (Jafza) e hoje está na Kizad.
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Ana Becker fez uma apresentação sobre as relações comerciais dos Emirados Árabes e seu potencial econômico. “Os Emirados têm o segundo maior PIB per capita da Liga Árabe e um grande potencial e oportunidades de negócios”, disse a gerente. A economia do país é dividida entre indústria e serviços. Na indústria, prevalecem os setores de petróleo e petroquímicos, fertilizantes, alumínio e cimento, e nos serviços, o turismo, a logística portuária, as zonas francas, imóveis e varejo.
“Os emirados são um grande ‘hub’ exportador do mundo, eles compram e revendem muitos produtos para outros países e são hoje o terceiro maior comprador do Brasil entre os países árabes”, afirmou a executiva. Os dois primeiros são Egito e Arábia Saudita.
Antes de chegar em São Paulo, a comitiva de Abu Dhabi visitou o Rio de Janeiro (RJ) e Itajaí (SC). “Nas visitas a Itajaí e ao Rio de Janeiro nós conhecemos algumas empresas potenciais e estamos em negociações iniciais. Gostamos do Brasil e estamos aqui porque nossos países têm uma relação forte econômica e comercial e vemos muitas oportunidades que podemos explorar, de Abu Dhabi especificamente e das empresas brasileiras para Abu Dhabi. Estamos interessados nos setores de navegação e logística, e em áreas que possam agregar valor aos negócios. Agradeço à Câmara Árabe por facilitar as visitas a potenciais parceiros dos Emirados”, disse Mazrouei.
De acordo com o cônsul Alalawi, “os Emirados Árabes Unidos estão trabalhando continuamente para concretizar reformas econômicas e fornecer incentivos ao investimento para melhorar sua competitividade e ajudar empresários e investidores de todo o mundo a obter mais sucesso e progresso em seu território”.
“O setor logístico dos Emirados tem ganhado presença com todo o investimento que o país aplica em sua infraestrutura portuária, zonas francas, malha rodoviária, bem como um setor de transportes que apresenta relevância cada vez maior na economia local. A Kizad é uma dessas zonas francas e um verdadeiro modelo dentro país”, disse Osmar Chohfi ao abrir o evento.
Zilda Rosa e Eduardo Kezh falaram sobre suas experiências como brasileiros vivendo nos Emirados e tiraram dúvidas sobre trabalho e mão de obra para empresas no país árabe. “É um excelente lugar para se morar, é seguro e tem mão de obra barata de países do sudeste asiático, como Índia e Bangladesh, mas é possível repatriar pessoas de outros países, inclusive do Brasil, se for necessária mão de obra especializada – aí a empresa fica responsável por obter o visto de trabalho, assistência médica e moradia para o funcionário. Todo mundo é bem-vindo nos Emirados”, disse Rosa. O cônsul completou lembrando que não é mais necessário tirar visto para os Emirados, e que hoje o país é residência de cerca de oito mil brasileiros.
Ao final do evento, foi assinado um memorando de entendimento (MOU) entre a Câmara Árabe e o Porto de Abu Dhabi para cooperação técnica, promoção do porto, possíveis eventos conjuntos, entre outras atividades.
Estavam presentes no evento o presidente do Conselho de Administração da Câmara Árabe, Walid Yazigi, o vice-presidente administrativo da entidade, Mohamad Mourad, o diretor William Atui e o gerente de negócios da Kizad, Mansoor Al Marar.