São Paulo – O ano de 2010 apresentou resultados muito positivos para o Porto de Santos, o maior da América Latina e responsável pela movimentação de 26% da balança comercial brasileira. Até o final do ano, o volume de cargas deve chegar ao recorde de 96 milhões de toneladas, 6 milhões a mais do que a estimativa anunciada no começo do ano.
“Esse crescimento é extremamente significativo. A situação do porto está acompanhando todo o crescimento do país e o desenvolvimento de Santos e da Baixada Santista impulsionado pelas descobertas de mais petróleo [na camada pré-sal]”, afirma Renato Ferreira Barco, diretor de Planejamento da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o porto. “Pela nossa demanda de carga, nós devemos movimentar, no ano de 2024, 230 milhões de toneladas. Praticamente vamos triplicar a movimentação, contando a partir do ano passado”, acrescenta Barco.
Ele conta que um estudo encomendado pela Codesp, concluído no final de 2009, funciona como uma verdadeira cartilha de tudo o que será feito. “Agora podemos traçar o destino do porto com planejamento para daqui a 15 anos. Podemos obter informação sobre o fluxo de carga que pode ser destinado ao porto e os investimentos necessários para que essa carga possa ser recebida ou despachada e, principalmente, se o porto comporta esse movimento todo”, explica.
Estão previstos investimentos de US$ 6 bilhões no porto até 2024, entre recursos públicos e privados. O local conta com projetos de grandes empresas, como a construção do Terminal Embraport, uma associação entre a DP World, de Dubai, e as brasileiras Odebrecht e Coimex.
Investimento árabe
O terminal está previsto para entrar em operação em 2013 e promete ser o maior da América Latina. O investimento é de R$ 2,3 bilhões. A primeira fase, de R$ 1.6 bilhões, prevê obras civis e equipamento portuário. A DP World detém 26,9% de participação.
“A DP World está vindo agregar bastante na questão operacional porque é um dos maiores operadores portuários do mundo. Isso é muito bem-vindo numa obra desse porte. Já tem sido bastante aproveitada toda essa experiência no desenvolvimento desses projetos”, destaca Regina Tonelli, gerente da Qualidade, Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente da Embraport.
O projeto, que vai gerar 1,1 mil empregos diretos, é constituído de um cais de 1,1 mil metros, dois píeres para transporte de carga líquida, uma grande retro área e um espaço de contêineres com cerca de 370 mil metros quadrados.
A capacidade anual do terminal será de 2 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) e 2 milhões de metros cúbicos de etanol. “É uma carga bastante significativa, que vai incrementar a capacidade do Porto de Santos”, afirma Regina.
Atualmente, está em construção um canteiro industrial, obras de aterro, construção de diques e foram iniciadas as compras de alguns insumos produzidos fora do Brasil, principalmente de geotubos que serão instalados na parte de dragagem.
Mais melhorias
Outras melhorias gerais no Porto de Santos já começaram. Este ano foi feita a dragagem para aumentar a profundidade do canal de navegação de 13,3 metros para 15 metros e seu alargamento para 220 metros, que se encontra em fase de conclusão, permitindo a chegada de grandes navios. O investimento é de aproximadamente R$ 23 milhões.
As obras da Avenida Perimetral da margem direita também avançaram com a conclusão de trechos estratégicos para o acesso viário. Quanto à Avenida Perimetral da margem esquerda, as obras devem começar no primeiro trimestre de 2011.
“O próximo passo será concluir esses dois acessos, criando duas vias expressas, que serão ferramentas fundamentais para atender a integração e o desenvolvimento dos terminais”, explica. Esses investimentos somam R$ 493 milhões.
Algumas obras já estão concluídas. É o caso do terminal 12 A, que é um terminal para vegetais, onde foi realizada a ampliação de uma área de contêineres.
As operadoras de carga também estão investindo no porto. A Santos Brasil, maior operadora de contêineres do país, aumentou a capacidade do terminal em 500 mil TEUs. Foram investidos R$ 285 milhões. No ano que vem, a empresa deve investir cerca de R$ 36 milhões na compra de novos equipamentos.
O estudo encomendado pela Codesp apontou também que, apesar dos granéis líquidos e produtos químicos a granel serem escoados por dois terminais – Ilha Barnabé e Alemoa -, isso ainda é insuficiente. O executivo da Codesp afirmou que serão construídos dois novos píeres “para melhorar a fluidez dessa carga”. O investimento previsto é de R$ 100 milhões durante um ano e meio.
Os grandes destinos dos embarques no Porto de Santos são Estados Unidos, China e Argentina. Os países árabes, porém, já despontam entre os 20 maiores importadores. A Arábia Saudita aparece em 14º lugar, o Egito em 15º e os Emirados Árabes Unidos em 17º.
Leia a amanhã a quinta reportagem da ANBA sobre o desenvolvimento de Santos a partir das descobertas de petróleo na camada pré-sal.