São Paulo – Nem a crise econômica internacional, nem mesmo um novo leilão de 50 mil toneladas dos estoques públicos, anunciado para a próxima terça-feira (14) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), alteraram o cenário de tendência de alta nos preços do arroz no mercado interno. No cenário internacional, o arroz que tem poucos títulos negociados na bolsa de futuros, teve as menores oscilações entre as commodities.
A alta do dólar está compensando a baixa das cotações internacionais dos últimos 60/90 dias e dando novo fôlego para as exportações nacionais. Ao mesmo tempo, inibe as importações, já que há um mês a saca de arroz comprada no Uruguai era avaliada em US$ 20,00 e, esta semana, bateu na casa dos US$ 16,00. Argentina e Uruguai estão aumentando em até 20% a área de arroz para o próximo ano e o Brasil poderá reduzir 0,4% ou aumentar 2%, segundo levantamento da Conab. No Rio Grande do Sul, que colhe 60% da safra brasileira, a tendência é de aumento.
Internamente, a oferta semanal da Conab, que no leilão desta semana fechou na média de R$ 34,05 a saca, foi absorvida pelo mercado e apenas serve de referencial básico para os negócios no mercado livre. A tendência de baixos estoques na virada do ano safra, sim, torna-se cada vez mais um referencial importante. Assim, os principais analistas gaúchos já vislumbram preços médios entre R$ 38,00 e R$ 40,00 para o final deste ano comercial e um estoque público de passagem suficiente apenas para 20 a 24 dias de abastecimento interno, muito próximo daquele considerado ideal pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
A Conab já admite que dificilmente manterá estoques altos de arroz na próxima safra, o que pode indicar um ano de produto valorizado. A política dos leilões semanais deverá ser mantida, mas um aumento de volume neste momento seria mero paliativo. Seguraria os preços uma ou duas semanas, mas o “efeito do pêndulo” voltaria mais tarde, com a diminuição dos estoques em maior velocidade. Diante deste cenário, confirmou-se a expectativa de que os preços da saca de 50 quilos (58×10) no Rio Grande do Sul bateriam na casa dos R$ 36,00 esta semana.
De sexta-feira da semana passada até esta quinta-feira, os preços evoluiram de R$ 35,94 para R$ 36,37, segundo indicador do Cepea/Esalq/USP e BM&F. Este é o valor final da média de comercialização no Rio Grande do Sul, registrado na quinta-feira (9) para a saca de 50 quilos de arroz (58 x10), colocada na indústria gaúcha (frete incluso).
É o novo preço recorde de 2008, embora no mercado livre já tenham ocorrido negócios por até R$ 43,00 para variedades nobres. Com a oscilação do dólar, o produto apresenta relativa baixa e é cotado em US$ 16,62 depois de ter sido cotado em US$ 19,50 há duas semana e US$ 15,67 na terça-feira. Com estes valores, a alta dos preços em outubro é de 2,16%.
Mercado
No mercado livre, segundo as principais corretoras gaúchas, a média de preços está entre R$ 34,50 e R$ 36,00 no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que concentram 70% da produção brasileira. A alta representa de 25 a 50 centavos sobre as cotações da semana anterior.
Assim, em praças como Cachoeira do Sul, Guaíba, Alegrete, Rosário do Sul e Dom Pedrito, os valores dos negócios realmente efetivados ocorrem na casa dos R$ 34,50 a R$ 35,00. Em Uruguaiana, São Borja, Itaqui e Pelotas o produto chega na indústria entre R$ 35,00 e R$ 36,50. Como de costume, o Litoral Norte obtém preços diferenciados para as variedades nobres, na casa de até R$ 44,50.
Estados
Santa Catarina, com oferta bastante ajustada e baixos estoques públicos, registrou alta média de R$ 1,00 nos negócios. No Sul Catarinense o arroz chega a R$ 35,00 em média (saca de 50kg), mas algumas negociações alcançaram até R$ 37,00.
No Mato Grosso a comercialização, que vinha mais ofertada, voltou a apresentar retração esta semana. A comercialização mais acentuada é do arroz Cirad, que segue alcançando até R$ 41,50 a saca de 60 quilos nas indústrias da grande Cuiabá.
O arroz da variedade Primavera, saca de 60 quilos e acima de 55% de inteiros, já é escasso, e chega cotado a R$ 45,00 em Cuiabá. A falta de crédito para a safra de outros produtos, como soja e milho, pode forçar uma oferta maior nos próximos dias.
* Com informações do Planeta Arroz

