São Paulo – Os preços do minério de ferro estão em alta e devem se manter assim nos próximos meses, impactando a balança comercial do Brasil com o mundo árabe. O minério de ferro é um dos principais produtos da pauta de exportações brasileira para os países da Liga Árabe. De acordo com o professor de Economia e Política das Faculdades Integradas Rio Branco, Carlos Stempniewski, os preços do minério de ferro não devem subir tanto quanto nos últimos 15 anos, mas devem continuar crescendo acima da inflação mundial.
No ano passado, por exemplo, os minérios em geral foram o terceiro item da pauta de vendas do Brasil para o mundo árabe, atrás de açúcar e carnes, e geraram receita de US$ 2,2 bilhões contra US$ 958,2 milhões em 2009. O aumento foi de 137,26% e teve forte influência da alta de cotações. No caso da exportação de minério de ferro aglomerado e concentrado, o tipo mais vendido pelo Brasil para o mercado árabe, por exemplo, o aumento na receita foi de 136% enquanto o crescimento do volume foi 46%, o que indica preços maiores.
De acordo com Stempniewski, um dos fatores que explica o aumento dos preços do minério de ferro é a concentração do setor, nas mãos principalmente das duas líderes mundiais da área, a Vale do Rio Doce e a Anglo American, o que facilita a formação de preços. Também pesa a demanda global aquecida, principalmente da China, apesar de Europa e Estados Unidos ainda não terem se recuperado totalmente da crise econômica. Ele explica que no caso de Estados Unidos e Europa, as economias não estão crescendo, mas estão mantendo seus níveis.
Em função disso, o mercado deve esperar, segundo ele, continuidade na elevação dos preços, mas não em níveis tão altos como dos últimos anos. “Um pouco acima da inflação mundial”, explica o professor. Stempniewski afirma que sempre houve uma diferença muito grande entre o preço do minério de ferro e do aço, que é um dos seus produtos finais. Por isso mesmo, as empresas produtoras de minério vem procurado vender cada vez mais o minério de ferro em pelotas, semi-industrializado, em vez de comercializá-lo em forma mais bruta, em pó.
Quanto ao mercado árabe, o professor das Faculdades Integradas Rio Branco afirma que regiões como Abu Dhabi e Catar estão em grande desenvolvimento e por isso podem importar mais minério de ferro, sustentados pelas cotações altas do petróleo. “Em 1974 o preço do barril de petróleo estava em US$ 4, depois teve o pico e chegou a US$ 170, caiu para US$ 40 e agora está em cerca de US$ 100. É o que gera riqueza para os países árabes”, afirma.

