São Paulo – Os preços do petróleo devem se manter em patamar elevado nos próximos meses, favorecendo a entrada de receitas no mundo árabe. Os analistas brasileiros acreditam em preços altos, mas não muito maiores do que os que vêm sendo praticados. "A tendência macro de alta continua", afirma o analista do Modal Asset, Eduardo Roche, referindo-se ao movimento de aumento de cotações que ocorreu a partir de setembro do ano passado, impulsionado pela desvalorização do dólar e pelo crescimento de demanda.
Diante da queda da moeda norte-americana mundo afora, investidores buscaram outras opções, principalmente fundos e títulos lastreados em commodities como o petróleo, o que favoreceu e deve continuar empurrando os preços. Também a demanda elevada em países em desenvolvimento, como China, pesa. "Não só o petróleo, mas todas as commodities estão em suas máximas históricas nos últimos dez anos com o crescimento acentuado nos emergentes, liderados pela China", diz o analista da corretora Socopa, Osmar Camilo.
A crise política no Egito também fez o preço do petróleo oscilar nos últimos dias, passando da casa dos US$ 100 o barril do WTI, mas diferente de algumas previsões internacionais, os analistas não acreditam em uma manutenção prolongada desta influência. Já os demais fatores devem continuar pesando na balança do petróleo. Nesta quinta-feira (10) a Agência Internacional de Energia (AIE) elevou a previsão de demanda mundial para 87,8 milhões de barris em 2010 e 89,3 milhões de barris em 2011 em função dos chineses.
O inverno nos Estados Unidos, lembra Roche, também favorece a alta dos preços. Por enquanto, a commodity mais cara não deve trazer grandes reflexos para a economia brasileira, acreditam os analistas. No caso da balança comercial, o Brasil tanto exporta quanto importa petróleo e então deve haver aumento na receita e também nos gastos. Os preços ainda não devem ser repassados para gasolina e diesel, já que o governo está justamente em um esforço para conter a pressão inflacionária.
Nesta quinta-feira, no Nymex, da Bolsa de Nova York, o barril de petróleo WTI para entrega em março fechou em US$ 86,73, em alta de US$ 0,02. Em Londres, o barril de Brent para entrega em março fechou em US$ 100,87 no InterContinental Exchange (ICE), com queda de US$ 0,95. As cotações em Londres sofreram, ao longo dos últimos dias, maior influência da crise do Egito, segundo os analistas.

