Geovana Pagel
São Paulo – O setor de floricultura e plantas ornamentais no Brasil tem aumentado sua participação no mercado nacional e, principalmente, internacional. O segmento produz o equivalente a US$ 2 bilhões por ano, sendo que, desse total, o correspondente a US$ 14 milhões vai para o mercado externo.
No mês de agosto de 2003, por exemplo, o Brasil exportou US$ 2 milhões em flores e plantas ornamentais, o que representa 73,3% a mais do que o verificado no mesmo mês do ano anterior.
“O país mantém, assim, a excelente performance que vem se delineando desde o início do ano e que alcançou os melhores resultados nos dois recordes históricos obtidos, consecutivamente, nos meses de junho e julho passados”, explica Sérgio Pupo Nogueira, presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor).
O valor das vendas externas acumuladas nos oito primeiros meses de 2003 já somam US$ 13,2 milhões, com acréscimo de 29,1% sobre o mesmo período do ano anterior.
Pelos cálculos do Programa Brasileiro de Exportação de Flores e Plantas Ornamentais (Florabrasilis), iniciativa do Ibraflor e da Agência de Promoção à Exportação (Apex-Brasil), tal comportamento mantém as projeções de fechamento anual de exportações na ordem de US$ 20 milhões, com crescimento de 34,2% sobre os resultados finais do ano de 2002. “A expectativa é crescer ainda mais, até alcançar US$ 80 milhões no fim de 2004”, garante Nogueira.
O Florabrasilis foi criado em 2000, para incentivar os produtores de flores a entrarem no mercado externo. Já foram investidos R$ 3 milhões nas exportações, de um total previsto de R$ 8 milhões. Na primeira fase foi realizada a capacitação dos produtores. Nesse período, o programa conseguiu a inclusão da floricultura no Plano de Safras do Ministério da Agricultura, com linhas de crédito de R$ 30 milhões.
De acordo com Nogueira, durante a criação do Florabrasilis foram mantidos alguns contatos e reuniões com a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) para prospectar as possibilidades de comércio com o mundo árabe. Segundo ele, a maior dificuldade encontrada foi o fato de o programa não cobrir o valor das passagens aéreas, mas as negociações podem ser retomadas a qualquer momento.
“Nosso banco de dados está totalmente à disposição e temos muito interesse em voltar a conversar e negociar com os países árabes”, explica.
O presidente do Ibraflor diz que o Florabrasilis está ajudando a facilitar os trâmites de exportação. “Estamos desenvolvendo um plano estratégico junto à Receita e nos aeroportos internacionais de Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas e Porto Alegre”, explica Nogueira.
Segundo ele, o setor também vai participar do programa Poupa Tempo da exportação, desenvolvido pelo governo do estado de São Paulo, previsto para funcionar a partir do segundo semestre do ano que vem.
Mercados
O Brasil exporta flores principalmente para a Europa, Estados Unidos e Japão. A Holanda destaca-se como principal comprador, principalmente de gladíolos e amarílis (em bulbos), além de mudas de flores em vaso (crisântemos, violetas e begônias).
Já os Estados Unidos preferem as flores de corte, de rosas a crisântemos, passando pelos tangos, lírios e gérberas. Para o Japão, o país envia mudas de crisântemos, e para Portugal flores de corte (rosas e crisântemos).
Um nicho importante para a floricultura brasileira no mercado externo é o de flores tropicais, principalmente para Holanda, Portugal, França, Itália e Estados Unidos.
O presidente do Ibraflor diz que a entidade pretende trabalhar questões burocráticas, como barreiras alfandegárias, estrutura de aeroportos brasileiros e tributação, além de buscar novas oportunidades de negócios e expor os nossos produtos no exterior.
A produção nacional de flores e plantas está distribuída em 12 pólos. A maioria dos 5 mil produtores existentes no país está em São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O setor conta com 18 mil pontos-de-vendas. Aos poucos, o cultivo e a comercialização de flores tropicais também está ganhando força nos Estados do Nordeste, como Pernambuco e Alagoas.
Balança comercial
A balança comercial da floricultura brasileira mostrou, entre janeiro e agosto de 2003, um superávit de US$ 9,6 milhões, o melhor desempenho verificado nos últimos anos. As importações de agosto (US$ 298 mil) ficaram abaixo da média mensal de compras, o que influenciou o resultado global do período.
Terra Viva
Na Fazenda Terra Viva, localizada em Santo Antônio da Posse, em Holambra, conhecida como a cidade das flores do interior de São Paulo, são produzidas as flores destinadas para exportação – que é feita há três anos, principalmente para os Estados Unidos e Holanda.
“As exportações são recentes e sempre temos interesse em atender novos mercados”, diz o gerente de exportação Ralph Dekker.
Segundo ele, a Terra Viva oferece um leque bastante amplo de produtos e também representa outros produtores brasileiros. “É claro que o mundo árabe nos atrai. Só depende do interesse deles no nosso produto e de um acerto nas negociações”, garante.
De acordo com Dekker, o grupo Schoenmaker, que existe há 44 anos e mantém a Fazenda Terra Viva, é formado por quatro divisões, chamadas de áreas de negócios: agricultura, bulbos, flores, plantas e mudas.
O grupo conta com a parceria de empresas coligadas com a Interplant, a Van Zanten e a Ball Van Zanten, que produzem material básico (mudas etc), além de plantas exóticas do Brasil, que são as plantas tropicais.
A Terra Viva também possui unidades de serviços que desenvolvem atividades de suporte nas áreas de recursos humanos, desenvolvimento social e ambiental, informática, contábil e fiscal, financeira e marketing.
Os principais produtos são, entre as flores, tulipas, crisântemos, amarlillys, gladíolos, lírios; plantas(zamioculcas, tuia, antúrios); bulbos (gladíolos, líriosamarillys); mudas (violetas, crisântemo); frutas cítricas, cereais (milho, soja) e batatas.
Contatos
Terra Viva
www.produtosterraviva.com.br
Ibraflor
www.ibraflor.com.br

