Alexandre Rocha
São Paulo – O príncipe El Hassan bin Talal, da Jordânia, chega a São Paulo neste final de semana. Ele é presidente do Clube de Roma, organização que se dedica a discutir e apresentar propostas sobre os principais problemas internacionais e reúne cientistas, empresários, economistas, líderes políticos, entre outras personalidades. No Brasil, fazem parte do grupo pessoas como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o cirurgião José Aristodemo Pinotti, atual secretário de Educação da capital paulista.
"É a primeira visita dele ao país e ela é de grande importância, pois ocorre num momento de fortalecimento das relações entre o Brasil e os países árabes", disse o cônsul honorário da Jordânia em São Paulo, Mustapha Abdouni. "Ela servirá para promover uma aproximação ainda maior, não só no campo cultural, mas também na área comercial", acrescentou.
Na segunda-feira (20), Talal vai dar a palestra "Principais Problemas de Uma Agenda Global" nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e abordar assuntos como paz, meio ambiente, energia e água. Ele vai receber o título de doutor honoris causa da instituição.
No dia seguinte, o príncipe vai se encontrar com representantes do empresariado paulista na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Na quarta-feira ele fará uma visita à Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Para o presidente da Câmara Árabe, Antonio Sarkis Jr., a presença do príncipe ajuda a estreitar ainda mais os laços entre o Brasil e o mundo árabe. "Trata-se de uma personalidade de destaque na defesa das questões humanitárias e um intelectual de peso", disse. "Ele poderá conhecer um pouco mais sobre o potencial do país e, com certeza, vai transmitir esse conhecimento para as classes política e empresarial da Jordânia", acrescentou o secretário-geral da entidade, Michel Alaby.
No domingo ele vai ser homenageado pela comunidade árabe de São Paulo durante um jantar oferecido pelo consulado da Jordânia.
O ser humano em primeiro lugar
Intelectual de renome internacional, com oito livros publicados, Talal defende o humanitarismo, que o homem seja colocado no topo da agenda internacional; o diálogo entre culturas; da cultura da paz; e do multilateralismo.
Ontem (16), em Brasília, ele se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PcdoB-SP), um defensor das causas árabes, e tocou em alguns destes assuntos. De acordo com a assessoria internacional da Casa, ele falou sobre o trabalho do Clube de Roma, multilateralismo, humanitarismo e igualdade racial. Participaram do encontro também o deputado Eduardo Campos (PSB-PE), ex-ministro da Ciência e Tecnologia, e o professor Heitor Gurgulino de Souza, também membro do Clube de Roma.
Hoje ele vai participar de um almoço no Itamaraty, oferecido pelo chanceler Celso Amorim, e vai dar uma palestra sobre busca da paz no Instituto Rio Branco, a academia da diplomacia brasileira.
Durante a semana ele esteve no Rio de Janeiro, deu uma palestra sobre temas internacionais na Universidade Cândido Mendes, que lhe concedeu título de doutor honoris causa, e se encontrou com reitores de universidades fluminenses.
O príncipe
Talal é irmão do rei Hussein da Jordânia, morto em 1999, e tio do atual monarca, Abdullah II. Ele nasceu em Amã em 1947, é formado em Estudos Orientais pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e tem mestrado no mesmo tema.
O príncipe já foi membro de uma série de instituições jordanianas e internacionais. Suas idéias sobre uma nova ordem humanitária internacional, por exemplo, levaram a Organização das Nações Unidas (ONU) a criar a Comissão Independente sobre Assuntos Humanitários Internacionais. Entre outras atividades, ele é co-fundador do Parlamento de Culturas, com sede na Turquia, foi indicado pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para fazer parte do grupo de especialistas encarregado de implementar a declaração e o plano de ações da Conferência Mundial contra o Racismo, realizada em 2001, em Durban, na África do Sul; e já fez parte de um comitê sobre assuntos inter-religiosos da Unesco.
Seus livros são: Um estudo sobre Jerusalém (1979); Autodeterminação palestina (1981); Procura pela paz (1984); Cristianismo no mundo árabe (1994); Sendo um muçulmano (2001, co-autor); Continuidade, inovação e mudança: ensaios selecionados (2001); Memórias de Faisal I: a questão iraquiana (2003); e Perguntas e respostas sobre questões contemporâneas (2003).

