São Paulo – Representantes de oito empresas árabes que vieram para a feira CPhI South America, do setor de fármacos, participaram nesta terça-feira (05) de rodadas de negócios com exportadores brasileiros e afirmaram que poderão fazer pedidos no longo prazo. Eles se mostraram surpresos com a tecnologia do Brasil no setor. Os importadores vieram para a feira e a rodada de negócios a convite da Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), com apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Tabuk Pharmaceuticals, da Arábia Saudita, Amr Al Jallad afirmou que ficou “positivamente surpreso” com a tecnologia e a variedade dos produtos médicos brasileiros. “As empresas têm grande experiência no ramo, fazem produtos sofisticados. Estão excedendo as minhas expectativas porque as empresas daqui não se promovem muito no exterior”, disse. Os principais fornecedores de remédios no país árabe, afirmou, são Coreia do Sul, Estados Unidos e países europeus.
Gerente executivo da Bajafar Medical, do Sudão, Mohamed Yousif afirmou que não imaginava que no Brasil existiam empresas com “grande potencial” no setor e que há uma grande probabilidade de sua companhia fazer negócios no País. “As grandes empresas brasileiras podem entrar com força no mundo árabe. Acho até estranho que ainda não estejam lá”, disse.
Ele afirmou que participa da rodada de negócios em busca de remédios para diversas doenças. Entre elas, a diabetes. Yousif também tem interesse em medicamentos que não são vendidos nos balcões das farmácias, como é o caso de antigripais e pomadas.
Gerente de marketing da Unipharma, da Síria, Rufaida Ghanoun, quer importar remédios brasileiros e vender não apenas na Síria, mas em outros países árabes. “Podemos vender na Síria e no Iraque ou então enviar para outros mercados, como Líbia e Irã”, disse. CEO da Biopharm, do Egito, Kandil Osama disse que não conhecia o Brasil “além do futebol”. Em sua primeira visita ao País, o executivo busca medicamentos naturais, ervas e cosméticos. “Vamos olhar mais para o Brasil, não sabíamos do avanço das fábricas brasileiras neste setor”.
Longo prazo
Gerente de Projetos Internacionais da Abiquifi, Natália Porto, afirmou que esta foi a primeira vez que a instituição trouxe companhias dos países do Oriente Médio e do Norte da África para participar de rodadas de negócios por meio do projeto Brazilian Pharma Solutions, que é promovido pela entidade em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Em outras ocasiões vieram companhias da América do Sul, do México e da Rússia.
“A presença de negociantes árabes foi uma demanda das empresas que fazem parte da Abiqifi. Eles demonstraram que gostariam de negociar com importadores do Egito e da Arábia Saudita. Nós decidimos ampliar a rodada para mais países árabes”, afirmou.
Em 2013, os países árabes importaram US$ 18,59 bilhões em produtos farmacêuticos. Desse total, US$ 11,57 milhões foram comprados do Brasil. Segundo a gerente da Abiquifi, há espaço para as empresas brasileiras ampliarem suas vendas aos árabes. Ela observou, porém, que negócios neste setor devem ser realizados com foco no médio e no longo prazo, pois a venda de remédios e cosméticos depende da aprovação de órgãos regulatórios para entrar em um país.
“O medicamento passa por essa barreira, mas se for interessante, terá acesso a qualquer mercado. É um trabalho que demora de dois a três anos para abrir portas. Vale a pena porque as empresas que estão aqui são grandes e reconhecidas na região e vender para elas pode ajudar a conquistar mais clientes”, disse.
Executiva de negócios na Câmara Árabe e coordenadora do apoio à Abiquifi neste projeto, Nádia Abdallah afirmou que a Câmara Árabe recebeu inscrição de 20 empresas árabes interessadas em participar desta rodada de negócios. Dessas, dez foram aprovadas e oito vieram ao Brasil. “Esta é uma das grandes ações feitas para trazer empresas deste setor. A Câmara Árabe entrou no projeto para facilitar os encontros”, disse.
O gerente de desenvolvimento de negócios do Laboratório EMS, Flávio Pereira de Magalhães, afirmou que os encontros com as empresas árabes foram produtivos e que é possível ampliar a presença da empresa na região. A EMS já exporta medicamentos para Omã, Kuwait, Líbano, Jordânia, Síria e Emirados Árabes. Ele observou que um dos desafios em vender medicamentos, que é a demora em obter aprovação das autoridades regulatórias, pode até ser uma oportunidade. “Como a demanda é elevada em alguns países, algumas empresas concorrentes desistem do negócio. Há oportunidades”, disse.
Serviço
CPhI South America
Expo Center Norte
Rua José Bernardo Pinto, 333, Vila Guilherme, São Paulo, SP
Dias 05 e 06 de agosto
Informações: http://www.cphi-sa.com.br/pt/


