São Paulo – “As estatísticas revelam como a produção brasileira é importante para a segurança alimentar global”, afirmou a ministra de Estado de Segurança Alimentar dos Emirados Árabes Unidos, Mariam bint Mohammed Al Mheiri (foto acima), ao citar que o volume de alimentos importados do Brasil representou quase 10% do total de bens importados por seu país no primeiro semestre de 2019. Mariam abriu o terceiro dia do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes juntamente com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Tereza Cristina.
O tema dos debates do dia foi a segurança alimentar. Mariam disse que um dos motivos para o sucesso da parceria do Brasil com o seu país é que o Brasil atende os padrões de segurança alimentar, enquanto os Emirados Árabes Unidos garantem condições favoráveis de negócios.
Como exemplo, a ministra cita a fábrica de processamento da Brasil Foods (BRF) em Abu Dhabi, a maior unidade de alimentos processados do Oriente Médio. “Essas indústrias são fundamentais para dar oportunidade de inovação e trazer mais valor à cadeia produtiva”, disse. “Nossa estratégia nacional prevê 30% de melhoria em produtividade com a adoção de tecnologias agrícolas, a fim de transformar os Emirados Árabes em um hub mundial de inovação.”
Para isso, segundo Mariam, as AgTechs brasileiras — startups de tecnologia agrícola cada vez mais presentes na agricultura do Brasil — são essenciais. “Temos que criar plataformas para combinar conhecimento nessa área tão promissora. O Brasil e os Emirados Árabes têm uma chance única de trabalharem juntos e criarem uma mudança de paradigma em segurança alimentar, tendo as AgTechs em seu cerne. Não vamos desperdiçar essa oportunidade.”
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Tereza Cristina, renovou o compromisso de desenvolver acordos cada vez mais sólidos com a região e citou a parceria estratégica entre Brasil e países árabes como exemplo de complementaridade. “O Brasil é o maior exportador de proteína halal do mundo”, disse. “Somos reconhecidos pela qualidade de nossos produtos e pela efetividade das empresas em atender às exigências dos países árabes.”
Ainda de acordo com a ministra, a pandemia evidenciou a interdependência entre saúde e alimentação. “Consumidores passaram a exigir alimentos ainda mais seguros”, disse. “Precisamos construir sistemas agroalimentares sustentáveis e intensificar a cooperação internacional como forma de atender a demanda crescente por alimentos e fortalecer a segurança alimentar em todo o planeta.”
Como contextualizou o vice-presidente de Comércio Exterior da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e moderador do painel, Ruy Carlos Cury, o Brasil tem um papel importante no fornecimento de alimentos aos 400 milhões de habitantes dos países árabes, sendo responsável por cerca de 50% do volume total consumido na região. Além do fornecimento de produtos como açúcar e frango, que figuram como os principais alimentos importados pelo mundo árabe, o governo brasileiro vislumbra oportunidades de expansão em cacau, algodão e frutas secas.
“Por isso, trabalhamos em prol de linhas logísticas diretas conectando as duas regiões, especialmente
marítimas, e apoiamos empresas brasileiras que tenham interesse em parceria com os países árabes”, afirmou Cury. “Temos a responsabilidade de garantir que milhares de pessoas tenham acesso a alimentos saudáveis, com certificação halal, respeitando as regras islâmicas.”
Também presente no painel, a secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Governo de Minas Gerais, Ana Maria Soares Valentini, disse que sua região está preparada para estreitas as relações com países árabes e aumentar as exportações — no ano de 2019, a região mineira forneceu 1,2 milhão de toneladas para o mundo árabe, com destaque para açúcar, carnes, cafés e cereais.
Acompanhe a cobertura completa do fórum no site da ANBA.
*Reportagem de Camila Balthazar, especial para a ANBA.