São Paulo – A produção mundial de azeite de oliva deve aumentar cerca de 30%, para 3,3 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, que começou em outubro, e a Tunísia terá papel relevante nisso. O país terá crescimento de 55% na produção no período, segundo dados de reunião de produtores na Espanha confirmados pela Embaixada da Tunísia no Brasil. Segundo o embaixador Nabil Lakhal, a produção contribuirá para os volumes de exportações do azeite tunisiano, inclusive ao Brasil.
A produção de azeite de oliva da Tunísia deve chegar a 340 mil toneladas, das quais 300 mil serão destinadas à exportação, o que fortalecerá a posição do país árabe como segundo maior produtor mundial, de acordo com a embaixada. De acordo com Lakhal, o recorde da produção está relacionado principalmente à melhoria de fatores climáticos e às quantidades significativas de chuvas na Tunísia nos últimos meses, especialmente no centro e no sul do país, além de esforços feitos pelo governo para aumentar a irrigação e atingir com ela 90% da área total das oliveiras.
“Além de tudo isso, há a qualidade das árvores tunisianas, algumas das quais têm centenas de anos, são capazes de se adaptar às mudanças climáticas e são biologicamente compatíveis com a natureza do solo tunisiano. Por outro lado, o governo tunisiano tem trabalhado nos últimos anos para apoiar ainda mais os atores desse campo em todos os estágios da produção e oferecer as condições adequadas para valorização desse produto estratégico, que representa 40% do total de nossas exportações agrícolas”, disse.
Diante disso, a Embaixada da Tunísia em Brasília tem expectativas de maiores embarques ao País. “É natural que o crescimento da produção nacional de azeite de oliva contribua para o desenvolvimento do volume de nossas exportações para os mercados internacionais, especialmente para o promissor mercado brasileiro, já que notamos durante este ano uma grande demanda do consumidor brasileiro por esse produto tunisiano”, explica Lakhal.
Segundo dados enviados pela embaixada, esse interesse se refletiu nas exportações do azeite de oliva da Tunísia para o Brasil, que aumentaram em cerca de três vezes. Elas saíram de US$ 4,5 milhões de janeiro a outubro do ano passado para US$ 11,5 milhões nos mesmos meses de 2024. Apesar de perceber os números como positivos, o diplomata afirma que eles ainda não estão à altura do que a Tunísia aspira para o mercado brasileiro nem refletem a posição de prestígio do azeite tunisiano do mundo. O país exporta o produto para 60 países, principalmente nações da União Europeia, Estados Unidos e Canadá.
O embaixador acredita que o azeite tunisiano chega ao mercado brasileiro também indiretamente e que, portanto, o volume vai além das estatísticas. “Estamos convencidos de que as quantidades fornecidas ao Brasil de azeite de oliva de origem tunisiana são muito maiores, especialmente porque algumas empresas de países concorrentes infelizmente importam quantidades de azeite de oliva da Tunísia para misturá-lo com seus azeites locais a fim de melhorar sua qualidade, o que me faz dizer com confiança que nenhuma mesa no Brasil e até mesmo no mundo está desprovida de azeite de oliva tunisiano”, detalha Nabil Lakhal.
Mas o embaixador acredita que os indicadores positivos obtidos nesse comércio até agora abrirão horizontes mais amplos no futuro para que a Tunísia se posicione ainda mais com seu azeite, não apenas no Brasil, mas na região do Mercosul como um todo. “De forma semelhante ao que foi registrado em nosso volume de vendas nos mercados norte-americano, indiano, chinês e até mesmo europeu, que se tornaram destinos importantes para o azeite de oliva tunisiano”, afirma.
Novas frentes de trabalho
O embaixador se diz ciente da severidade da concorrência no mercado brasileiro de azeites, mas vem trabalhando para que a Tunísia venda mais, com, por exemplo, a promoção da participação das marcas tunisianas em exposições e eventos econômicos organizados no Brasil, entre elas a feira de alimentos Apas Show, que ocorre em São Paulo. Será organizado também evento promocional do azeite tunisiano na capital paulista, reunindo centros de compras do Brasil e exportadores tunisianos.
Há esforços ainda em outras frentes, como pelo registro de laboratórios tunisianos de azeite de oliva no banco de dados do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. “Desde o início deste ano, três laboratórios foram registrados e estamos no processo de registrar o restante dos laboratórios tunisianos em coordenação com todas as autoridades tunisianas competentes”, afirma o embaixador.
A Embaixada da Tunísia informa que trabalha com parceiros brasileiros para fortalecer a estrutura legal das relações comerciais Tunísia-Brasil para aprimorar e facilitar o comércio e o intercâmbio econômico, favorecendo o azeite e outros produtos da exportação tunisiana ao Brasil, como fosfatos e tâmaras, além das exportações do Brasil ao mercado tunisiano de produtos como café, milho e açúcar.
“Desde o início de outubro, o Escritório Comercial e Consular da Embaixada em São Paulo está em funcionamento e em processo de articulação com fornecedores e empresas brasileiras para promover os produtos tunisianos, não apenas o azeite de oliva, mas estamos trabalhando no reposicionamento em outras áreas, especialmente fosfato e fertilizantes”, diz o embaixador.
País de milhões de oliveiras
Sobre o azeite de oliva, o embaixador fala ainda que a Tunísia é conhecida desde os tempos antigos por sua produção diferenciada do produto. “Talvez as pinturas em mosaico descobertas nos períodos cartaginês e romano e atualmente exibidas nos museus tunisianos, especialmente no Museu Nacional do Bardo, sejam a melhor prova disso, assim como os tunisianos são apegados à sua terra e ao seu amor por ela, eles estão ligados à oliveira e à sua bondade e fizeram dela um endereço para o bem, a prosperidade e a paz”, afirma.
O embaixador lembra que o seu país é um dos maiores produtores e exportadores de azeite de oliva do mundo, com 2 milhões de hectares de plantações de oliveiras e 107 milhões de árvores. “O azeite de oliva tunisiano ocupa o primeiro lugar no mundo em termos de qualidade, conforme evidenciado pelo testemunho de especialistas internacionais e pelos prêmios que recebe anualmente em competições internacionais”, diz. De acordo com Lakhal, em 2024 o azeite da Tunísia recebeu mais de 61 prêmios de ouro.
Há expectativa de que o aumento da produção mundial de azeite ajude a equilibrar os preços do produto junto aos consumidores nos próximos meses, favorecendo o consumo global. Assim como outros alimentos, o azeite enfrentou aumento nas cotações internacionais nos últimos dois anos em função de problemas climáticos nos países produtores nos últimos dois anos.
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