São Paulo – Uma campanha financiamento coletivo pela internet foi lançada por três brasileiros em busca de fundos para gravar um documentário sobre refugiados sírios. Primeira iniciativa nacional sobre o assunto, o filme pretende contar a história de seis famílias refugiadas no Brasil, Alemanha e Jordânia.
A ideia é que “Salam, Síria” esteja pronto até o fim do ano, segundo a socióloga Juliana Torquato, idealizadora e diretora do documentário. Ela toca o projeto há um ano e meio – a inspiração veio quando ela estava morando na Jordânia, em 2015: “A questão dos refugiados sírios é um assunto mundial e atinge a todos. Ajudá-los colabora para amenizar o sofrimento de alguns”, diz.
A meta da campanha é arrecadar R$ 66 mil, dinheiro suficiente para cobrir os custos de equipamentos, passagens, hospedagens e alimentação da equipe. Além de Torquato, viajarão para Alemanha e Jordânia os produtores Joice Oliveira e Rodrigo Moraes, e técnicos de imagem e som. Todos abrirão mão do salário: a ideia é lucrar com a comercialização do filme.
Aí entra outro ponto interessante: 50% da renda com a venda dos direitos do filme será revertida para as famílias entrevistadas. “São pessoas com boa formação, que poderiam estar exercendo sua profissão, mas não estão pela atual condição de refugiados”, explica a diretora.
Uma das famílias entrevistadas será a do engenheiro Talal Altinawi, dono do restaurante Talal Culinária Síria, no Brooklin, em São Paulo. Curiosamente, o empreendimento foi erguido por meio de uma campanha de crowdfunding. “Hoje ele já está empregando gente no Brasil”, destaca a diretora.
Torquato conta que recentemente acertou entrevista com uma família originária da região do Curdistão, no Nordeste da Síria, que reside em Fortaleza (CE). A equipe entrevistará ainda mais uma família em São Paulo, uma em Augsburg, na Alemanha, uma no Campo de Zaatari e uma em Amã, ambos os locais na Jordânia. Todas as famílias foram selecionadas a partir de contato com ativistas no Facebook e são de diferentes localidades da Síria.
“Nossa intenção é contar a história de forma bem eclética. Entre os entrevistados temos famílias pró-Assad e também a favor dos rebeldes” diz a diretora. As escolhas dos locais também têm uma explicação: o Brasil foi o país latino-americano que mais recebeu refugiados, a Alemanha foi a nação europeia que mais abriu portas a eles e a Jordânia por abrigar o segundo maior campo de refugiados do planeta, o Campo de Zaatari.
A campanha ficará no ar por 80 dias, tempo em que a equipe espera receber dinheiro suficiente para começar as gravações. Torquato pretende iniciar as filmagens já em abril.
Serviço
Mais informações e doações no site https://www.catarse.me/documentario_salam_siria_c17a ou pelo Facebook https://www.facebook.com/salamsiria/