Dubai – Um grupo de doze produtores brasileiros de feijão e outras leguminosas passou os últimos dias visitando expositores de diversos países do mundo na Gulfood, principal feira do setor de alimentos e bebidas do Oriente Médio, que segue até a quinta-feira (22) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Liderados pelo Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), buscavam entender o tamanho do mercado global e quais as categorias mais demandadas fora do Brasil.
Embora seja um dos maiores produtores de feijão do mundo, o Brasil ainda exporta pouco da colheita, altamente voltada ao mercado local. Segundo o presidente do Ibrafe, Marcelo Lüders, 65% das plantações brasileiras são focadas no feijão do tipo carioca, o mais apreciado pela população local. “Existem pelo menos dez tipos diferentes de feijão e queremos mostrar aos produtores que há mercado tanto no Brasil quanto aqui fora”, disse.
Há 10 anos o Ibrafe, junto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tocam o projeto Ibrafe Premier, que tem como objetivo principal expandir a produção de outros tipos de feijão. O mais exportado é o chamado feijão-de-corda ou caupi (brown eyed beans), com amplo mercado na Índia, para onde vai metade do volume embarcado, e Egito, que recebe em torno 10% do total de feijões brasileiros vendido no exterior.
No estande onde o presidente do Ibrafe participava da Gulfood, estavam expostos diversos tipos de feijões. “Aqui para o mercado árabe o principal produto é o black eyed beans [conhecido no Brasil como feijão fradinho], que pela primeira vez terá produção brasileira excedente para exportação. Há muita oportunidade de exportar também feijão branco para a Argélia”, disse.
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Segundo ele, a visita dos produtores de feijão à Gulfood foi positiva, uma vez que eles puderam ver de perto e conversar com compradores de vários mercados. Isso pode, segundo Lüders, ajudar a diversificar a produção brasileira e ampliar os embarques – no ano passado, o País exportou 112 mil toneladas de feijão. A expectativa para 2018 é elevar este volume em pelo menos 10%.
“A Gulfood vem se tornando a feira com maior importância para nós porque fica próxima dos mercados que mais compram nosso feijão, como Ásia, África, Oceania e o próprio Oriente Médio. Além da Índia e do Egito, o Paquistão é um cliente importante”, explicou.
Lüders destacou que o projeto de diversificação da produção brasileira coincide com a estratégia da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) de incentivar a produção mundial de leguminosas, como lentilha, ervilha, feijão e grão-de-bico. Esta última leguminosa é outra que o Ibrafe pretende ampliar no Brasil.
“Existem duas vantagens: o grão-de-bico é imune ao mosaico dourado, um vírus que afeta a plantação de feijão em algumas regiões; e ampliando a produção, baratearia o preço no Brasil, onde atualmente é muito caro, e podemos exportar para outras regiões, como o mundo árabe, que consome muito grão-de-bico”, destacou Lüders.
O presidente do Ibrafe sonha até mais alto: quer exportar também mais milho de pipoca. “É uma causa meio abandonada que nós abraçamos. Os árabes adoram pipoca e existe um potencial enorme para exportar essa cultura, que nem conseguimos medir o tamanho”, explicou, acrescentando que o produto sequer tem NCM exclusivo na Secretaria de Comércio Exterior (Secex). “Temos que aproveitar o solo fértil brasileiro”, concluiu.