São Paulo – A tendência para a Gulfood 2020 é que os produtos brasileiros apresentados na feira sejam cada vez mais naturais, com maior apelo à brasilidade e à sustentabilidade. Foi o que afirmou a analista de Negócios Internacionais da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Mônica Ramos, que é responsável há seis anos pelo pavilhão brasileiro na maior feira de alimentos e bebidas do Oriente Médio. A próxima Gulfood ocorrerá de 16 a 20 de fevereiro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
“Os últimos anos da feira vêm apresentando uma mudança de paradigma nos produtos expostos; já temos o café, a carne e as aves como produtos bem consolidados no evento e nesses mercados, tanto é que a gente sempre tem dificuldade de conseguir estande para esses setores. Este ano, temos uma forte presença também de açaí e grãos, e das empresas que estão indo pela primeira vez, observei produtos mais naturais”, contou Ramos à ANBA durante o seminário “Exportação de Alimentos e Bebidas para os países do Golfo”, que ocorreu na manhã desta quarta-feira (29) na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
Foram convidadas empresas brasileiras do segmento de alimentos e bebidas interessadas em exportar ou que já exportam para a região do Oriente Médio e Norte da África, além das participantes da Gulfood. Neste ano serão 110 companhias brasileiras a expor na mostra, entre as que estarão no pavilhão da Câmara Árabe; as levadas pela Apex-Brasil nos pavilhões Nacional, Grãos, Bebidas, Frangos e Carnes; estes dois últimos organizados em parceria com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), respectivamente.
Do seminário na Câmara Árabe participaram cerca de 120 pessoas entre representantes de tradings exportadoras de alimentos e empresas de carne, ovos, açaí, mel, frutas, suco de laranja e de uva, biscoitos, cereais e temperos, máquina de gelo, entre outros segmentos alimentícios.
Uma novidade da Gulfood para este ano é que a feira segregou em um novo evento os doces, biscoitos, balas, confeitos e chocolates. “Todos esses produtos vão migrar para a Yummex, feira que ocorre em novembro direcionada para o setor de doces. Mas tivemos várias empresas que já estavam cadastradas e já tinham comprado passagem, então cerca de dez empresas desse segmento foram aprovadas e irão participar no nosso pavilhão, mas a partir de 2021 não vai ter mais doces na Gulfood”, contou Ramos.
Antonio Lopes, analista de Negócios do Escritório Apex-Brasil no Oriente Médio e Norte da África, que fica em Dubai, falou sobre canais de distribuição, perfil de consumidores e tendências para o Golfo no setor de alimentos e bebidas, e mencionou essa tendência para o consumo de produtos mais saudáveis devido às altas taxas de obesidade na região, a taxação de bebidas açucaradas e energéticos nos Emirados Árabes, entre outras informações.
Expo 2020 Dubai
O analista de projetos da Expo 2020 para a Apex-Brasil, Marcello Martins, falou no seminário sobre as oportunidades de negócios para o setor de alimentos e bebidas no pavilhão brasileiro da Expo 2020, que ocorre em Dubai a partir de outubro, com duração de seis meses.
Segundo ele, a exposição de marcas no pavilhão brasileiro na Expo atingirá um público imenso. “O pavilhão Brasil terá em média 20 mil visitantes por dia. Em seis meses, isso equivale a 3,5 milhões de pessoas, mais do que o Brasil recebe em número de turistas no mesmo período”, disse Martins.
As empresas do setor de alimentos e bebidas, segundo Martins, têm potencial de participação na Expo 2020 também, com várias ações promocionais diferentes, como degustações, cooking shows, entre outros. “Isso está muito atrelado ao nível da empresa, por exemplo a BRF, que é uma gigante mundial de proteína, pode fazer uma ativação no mercado dando uma promoção de visita guiada com um almoço ou jantar no restaurante do pavilhão. Uma empresa menor pode fazer uma abertura de mercado com uma degustação, ela usa o pavilhão como suporte, conta a história do produto, por exemplo o açaí. Essa narrativa é construída para uma relação de longo prazo do público com o produto brasileiro. A loja do pavilhão pode vender os produtos também”, contou Martins.
Além de alimentos, pedras preciosas e joias podem ser produtos interessantes para apresentação na Expo, segundo o analista. “Esses produtos performam muito bem na região, e a Expo vai oferecer um público high-end, que é o público-alvo de empresas desse segmento”, afirmou, sobre o consumidor de alta renda.
A aprovação das empresas interessadas passa pela Apex-Brasil mas também pela organização da Expo. “Toda interação com o público tem que ser aprovada pela Expo”, explicou. Bebidas alcoólicas estão permitidas, em quantidades limitadas. O Boticário, empresa de cosméticos e perfumaria brasileira com lojas em Dubai, está fazendo um trabalho conjunto com a Apex para desenvolver fragrâncias específicas para o pavilhão Brasil na Expo 2020.
Seminário
A abertura e o encerramento do seminário foram feitos pelo vice-presidente de Comércio Exterior da Câmara Árabe, Ruy Cury. Outras falas foram o “Panorama das relações comerciais com o Brasil”, com o analista de Negócios Internacionais da Apex-Brasil, Ulisses Pimenta; “Certificação Halal e Segurança Alimentar: Desafios e Oportunidades”, com a analista de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Danielle Berini (foto acima); e uma fala adicional do pesquisador econômico do Consulado dos Emirados Árabes em São Paulo, George Ramos, sobre aspectos técnicos para abrir empresas no país, além de serviços consulares.