São Paulo – A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está interessada em participar de um projeto agrícola na Líbia, país árabe que fica no Norte da África. De acordo com o coordenador da Embrapa-África, Cláudio Bragantini, a unidade, que fica em Acra, em Gana, está buscando contatos com o governo líbio para oferecer a tecnologia brasileira ao The Great Man-Made River, projeto de rio artificial no deserto ao longo do qual são desenvolvidas plantações agrícolas.
O rio, de acordo com Bragantini, tem dez mil hectares com pivôs de irrigação e leva água de partes áridas até Trípoli, capital do país árabe. “Nós temos tecnologia tropical e tenho certeza que podemos contribuir com eles”, afirma Bragantini. O Brasil é líder mundial em tecnologia tropical em função do esforço que fez para desenvolver a agricultura em suas terras semi-áridas, semelhantes às que se encontram nos países árabes.
O projeto do rio artificial da Líbia, que foi concebido em 1983 e ainda está em implementação, tem como principal base a extração de água subterrânea para uso em plantações, indústria e consumo. De acordo com informações do site da Great Man-Made River Authority (GMRA), órgão governamental que controla o projeto, mais de 70% da água gerada pelo rio deverá ter como destino a agricultura. O objetivo é gerar água, quando o projeto estiver totalmente implementado, para irrigar 130 mil hectares de terras agrícolas.
O projeto deve consumir investimentos totais de US$ 19,55 bilhões. Uma parte do recurso vem da população, com dinheiro de impostos sobre combustíveis, cigarros e viagens internacionais, e outra parte de empréstimos bancários e tesouro da União. O rio foi criado para ajudar a resolver os problemas de escassez de água no país e o projeto concebido a partir da descoberta, durante exploração de petróleo no deserto líbio, de aqüíferos de água doce em profundidades inferiores a 100 metros.
A água é extraída de quatro bacias subterrâneas: Kufra, Sirt, Murzuk e Hamadh. No total, elas contêm entre 10 mil a 12 mil quilômetros de água economicamente extraível. De acordo com site da GMRA, chegou-se à conclusão que a extração da água e seu transporte até os centros urbanos era mais viável do que outras alternativas como dessalinização ou deslocamento para uso dela no próprio deserto. Na Líbia, as chuvas têm média anual de dez a 500 milímetros. E apenas 5% da área do país tem chuvas superiores a 100 milímetros.

