São Paulo – Os refugiados árabes que chegam ao Brasil vêm encontrando diferentes caminhos para se integrar à sociedade local. Um deles é oferecer cursos que mostrem um pouco da cultura de seus países de origem, e o projeto Migraflix tem unido estrangeiros e brasileiros em workshops de diferentes temáticas para promover esta aproximação.
Já são quatro imigrantes árabes, uma marroquina e três sírios, que participam do projeto, oferecendo workshops de culinária e caligrafia. Além deles, o Migraflix tem cursos dados por pessoas do Peru, Camarões, Togo, Argentina e Espanha. Todas as aulas acontecem na capital paulista.
O projeto começou a funcionar em setembro do ano passado, resultado da iniciativa do argentino Jonatan Berezovsky e do brasileiro Rodrigo Borges. Berezovsky, diretor-executivo do Migraflix, vive no Brasil há dois anos e criou o projeto com a ideia de ajudar refugiados e imigrantes de baixa renda de uma forma que fugisse do assistencialismo.
“A ideia é empoderar o imigrante econômica e socialmente”, afirma. A parte econômica vem com os recursos obtidos com os preços das aulas. Cada workshop de culinária custa R$ 90 por participante, os demais temas têm um custo de R$ 70 reais por aluno. Em cada aula podem participar dez pessoas.
Do montante arrecadado, 80% fica com o refugiado e 20% com o Migraflix para cobrir os custos de manutenção da plataforma, que tem uma equipe de 15 voluntários. O empoderamento social, diz Berezovsky, fica por conta da valorização do trabalho do estrangeiro.
“Agora eles se sentem reconhecidos. O imigrante passa a ser a pessoa que tem algo a ensinar aos brasileiros, e os brasileiros se aproximam para aprender algo dos imigrantes”, destaca Berezovsky. Para ele, o trabalho por meio dos workshops vem conseguindo mudar “a relação paternalista” que existe em relação aos refugiados e imigrantes de baixa renda que chegam ao Brasil.
“Eles se sentem valorizados, sentem que as pessoas têm interesse em sua cultura”, diz o diretor do Migraflix. Ele considera que os workshops promovem uma importante integração entre brasileiros e estrangeiros. “Além de aprender a fazer comida síria, você consegue entender quem é o imigrante”, exemplifica. Durante as aulas, os alunos se apresentam e podem fazer perguntas ao imigrante. “Cria-se um diálogo bem rico”, aponta.
Até agora, o Migraflix organizou 35 workshops e as aulas serão retomadas na segunda semana de janeiro. No total, 11 imigrantes participam do projeto oferecendo cursos com temas como caligrafia árabe, quitutes sírios, cozinha andaluza e dança colombiana, entre outros. Em fevereiro, a plataforma passa a oferecer ainda um workshop de arte tunisiana.
No começo, conta Berezovsky, o projeto foi atrás dos imigrantes para que eles dessem as aulas. Conforme passou a receber atenção da mídia, o projeto é que começou a ser procurado pelos estrangeiros. Hoje, quem quiser oferecer um workshop pelo Migraflix pode entrar em contato pelo site para ter uma conversa com a equipe do projeto.
Os temas dos workshops, preços e datas estão disponíveis no site www.migraflix.com.br.