São Paulo – Em um momento no qual o Brasil enfrenta diversos desafios para ajustar sua economia, o protecionismo do País acaba sendo maléfico às empresas nacionais em vez de beneficiá-las. Essa é a opinião do economista Octavio de Barros, diretor-executivo do Instituto República e ex economista-chefe do Bradesco. Barros falou sobre economia brasileira e internacional nesta quarta-feira (15) durante um café da manhã com associados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
“O Brasil é o país mais protecionista do mundo. O foco do Brasil tem que ser em aumento da produtividade e da eficiência”, afirmou, destacando que a super proteção às companhias nacionais não é a melhor maneira de estimular o crescimento do País. “O protecionismo do Brasil prejudica as empresas brasileiras mais do que beneficia”, destacou Barros.
O economista lembra que não adianta somente o Brasil ficar brigando por acesso a mercados, se não abre suas próprias portas aos produtos de fora. Para ele, porém, acordos multilaterais não são o melhor caminho no comércio internacional. “Prefiro os acordos bilateriais e regionais porque o multilateralismo não foi capaz de fazer o mercado brasileiro avançar”, disse. Segundo Barros, “o Brasil precisa dar sinalização ao mundo de que pretende se abrir”.
Sobre a economia internacional, Barros afirmou que não há mais uma “locomotiva mundial”, como já foram os Estados Unidos ou a Europa no passado. “Os Estados Unidos não conseguem carregar a economia nas costas”, apontou.
Ele lembrou ainda da inversão de papeis entre os líderes mundiais, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defende o fechamento das fronteiras de seu país e maior proteção à indústria estadunidense, enquanto o presidente da China, Xi Jinping, vem defendendo uma maior abertura no comércio internacional.
Mercado árabe
No mesmo evento, Michel Alaby, diretor-geral da Câmara Árabe, mostrou um panorama sobre a economia e as oportunidades de negócios nos países do Oriente Médio e Norte da África.
“De acordo com o FMI, a expectativa de crescimento em 2017 nos países árabes é de 3%”, destacou, com dados do Fundo Monetário Internacional. Alaby apresentou os principais projetos em desenvolvimento naqueles países e que devem impulsionar o crescimento de suas economias, como a Expo 2020, nos Emirados Árabes Unidos, e a Copa do Mundo da Fifa, de 2022, no Catar.
O executivo lembrou que os principais produtos exportados pelo Brasil aos árabes são açúcares, carnes e minérios, mas que há oportunidades em outros setores que as empresas brasileiras devem explorar. “Essa concentração deve ser mudada e a Câmara Árabe trabalha no sentido de mudar e diversificar essa pauta de exportações”, afirmou.
Atividades de 2017
Rubens Hannun, presidente da Câmara Árabe, apresentou o calendário de atividades do primeiro semestre da entidade. Antes ele lembrou que, apesar de as exportações brasileiras terem caído em 2016, a decréscimo das vendas aos árabes foi menor. “Apesar da queda das exportações do Brasil, os países árabes foram para onde menos caíram”, ressaltou. Hannun também destacou a importância de os exportadores brasileiros manterem uma constância em seu relacionamento com os importadores árabes.
Sobre as ações planejadas para os primeiros meses do ano, Hannun mostrou que haverá diversas atividades em parceria com as embaixadas árabes, uma missão à Arábia Saudita ainda este mês; visita à feira de defesa Idex, em Abu Dhabi, visita à sede da Liga dos Estados Árabes, no Egito; e participação na feira de alimentos Gulfood, em Dubai, entre outros eventos.
Em março, a entidade recebe o ministro das Relações Exteriores dos Emirados e também celebra o Dia da Comunidade Árabe no Brasil. Em abril, a cidade de Foz do Iguaçu irá sediar a reunião da União Geral das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos Países Árabes. Já em maio, a Câmara Árabe participa da feira da Associação Paulista de Supermercados (Apas), em São Paulo, e da Middle East Stone Fair, feira do setor de rochas, em Dubai.
Missão ao Norte da África
Márcio Guerra, analista de Negócios Internacionais da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), detalhou a agenda da missão ao Norte da África, que ocorre de 18 a 26 de abril, como publicado anteriormente pela ANBA. A missão com empresários brasileiros, , promovida pela Apex-Brasil e Itamaraty, passará por Marrocos, Egito e Argélia e tem o apoio da Câmara Árabe.
No Marrocos, os participantes irão expor no Salão Internacional da Agricultura, na cidade de Meknés. O foco no evento marroquino são alimentos e bebidas, máquinas e equipamentos agrícolas e outros produtos relacionados ao agronegócio em geral.
No Egito e Argélia, os brasileiros participarão de rodadas de negócios com importadores locais. O objetivo da missão nestes países é promover as vendas de alimentos e bebidas, máquinas e equipamentos em geral, produtos de casa e construção, além de fármacos.
As empresas interessadas em integrar a missão podem se inscrever até sexta-feira (17) pelo link http://arq.apexbrasil.com.br/emails/missoes/norteafrica/05/index.htm