Alexandre Rocha
São Paulo – Até ontem (19), 68 empresas brasileiras de vários setores já haviam se inscrito, junto à Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), para participar das rodadas de negócios com os integrantes da missão comercial argelina que vai estar em São Paulo nos dias 26 e 27 e no Rio de Janeiro no dia 30. Representantes de 15 companhias da Argélia, também de setores variados, e membros do governo local virão ao Brasil, após passagens pela Argentina e pelo Chile.
Entre as empresas brasileiras já inscritas estão a Klin (calçados infantis), Frigorífico Minerva (carnes), Amacoco (água de coco), Intelbras (telefonia), Agrostahl (máquinas e equipamentos agrícolas), Metalúrgica Kater (autopeças), Ventisilva (ventiladores e exaustores), Cerâmica Porto Ferreira (pisos), entre outras.
Também se inscreveram companhias dos setores de construção civil e material de construção, alimentos em geral, equipamentos elétricos, ar-condicionados, máquinas para abatedouros, madeiras, commodities agrícolas, produtos químicos e tradings. Ainda é possível se inscrever (veja contato abaixo).
Já do lado argelino, as companhias, a maioria interessada em comprar, representam os segmentos de hotelaria, agroindustrial, bancos, curtumes, refrigeração, eletrodomésticos, papel, alimentos, material de construção, infra-estrutura, obras públicas, tradings, petróleo, produtos químicos, entre outros.
"Esse vai ser um encontro sem precedentes. É a primeira vez que uma delegação argelina desse tamanho e desse nível virá ao Brasil. Isso marca um grande interesse dos dois lados em se conhecer", disse à ANBA o embaixador da Argélia em Brasília, Lahcène Moussaoui.
Ano da América Latina
Tanto isso é verdade que a missão mereceu destaque na imprensa local. Na quarta-feira (18), a agência Algérie Presse Service (APS), parceira da ANBA, informou que a viagem faz parte da estratégia de governo de aproximar a Argélia dos países da América Latina. Este ano está sendo chamado pela diplomacia argelina de "Ano da América Latina".
Antes da Feira Internacional de Argel, em junho, foi realizado, na capital argelina, um seminário sobre as relações econômicas entre o país árabe e a América Latina. Na ocasião, foi assinado também o documento que cria o conselho empresarial Brasil-Argélia. Na feira, o estande brasileiro, patrocinado pela CCAB e pelo Itamaraty, recebeu a visita do presidente Abdelaziz Bouteflika.
A viagem pode ser considerada também uma retribuição à missão à Argélia, organizada no ano passado pelo governo brasileiro e liderada pela ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff.
"A missão vem também em resposta a pesquisas feitas em maio em Argel para a promoção do intercâmbio comercial e econômico entre a Argélia e os países da América Latina e do Caribe", informa a APS. Entre os principais objetivos da missão, segundo a agência, está "estabelecer diretamente relações de negócios e parcerias e trabalhar para a diminuição do comércio triangulado (por meio de outros países)".
Parcerias
Nesse sentido, as empresas não querem apenas comprar produtos variados, esperam vender também, principalmente alimentos, e fechar parcerias com companhia brasileiras. A Alcathair, por exemplo, quer um parceiro para construir uma unidade de abate, estocagem e conservação de carnes; a Khechrod, do ramo de construção, está interessada em transferência de tecnologia e investimentos; a Confial quer intercâmbio no setor de alimentos; e a Sonatrach, petrolífera estatal da Argélia, está interessada em cooperação econômica.
"O comércio entre dois países pode aumentar e diminuir. Então nosso interesse principal é criar parcerias, relacionamentos estruturados e duradouros", acrescentou Moussaoui. "Vejo possibilidades de negócios em todos os setores. Todas as empresas estão vindo com objetivos muito concretos", acrescentou.
A missão será liderada pelo diretor-geral para as Américas do Ministério das Relações Exteriores da Argélia, Dani Benchaa, e vai contar também com a participação do diretor da Agência Nacional de Desenvolvimento de Investimentos, Zeriguine Djamel, e o diretor de relações internacionais da Câmara Argelina de Comércio e Indústria (CACI), Kadri Saadane.
No dia 26, antes das rodadas de negócios, no Hotel Blue Tree Towers, na avenida Ibirapuera, em São Paulo, será realizado um seminário sobre as oportunidades de negócios entre o Brasil e a Argélia que terá, segundo Moussaoui, a participação do secretário da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do estado de São Paulo, João Carlos Meirelles, do diretor de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Maurice Costin, e do presidente da CCAB, Paulo Sérgio Atallah.
Na tarde do mesmo dia, vai ocorrer a primeira reunião do conselho empresarial Brasil-Argélia. Na segunda-feira (30), será realizado, no Rio, um seminário parecido na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
O Brasil já tem fortes relações comerciais com a Argélia, uma vez que o país árabe é um dos principais fornecedores de petróleo para o mercado brasileiro. Por causa disso mesmo, a balança comercial entre os dois países é muito deficitária para o Brasil.
Potencial
Só para se ter uma idéia, as exportações brasileiras para a Argélia renderam US$ 169,1 milhões no período de janeiro a julho deste ano, segundo informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). As importações, por sua vez, somaram mais de US$ 1 bilhão.
Mas os embarques vêm crescendo, o valor apurado entre janeiro e julho já é bem superior ao registrado em todo o ano passado, que foi de US$ 153,7 milhões. No ano anterior, o total das exportações foi de US$ 86,8 milhões e, em 2001, de US$ 44,7 milhões.
"Há alguns anos eu dizia que as exportações do Brasil para a Argélia poderiam praticamente dobrar todos os anos e as pessoas achavam que eu estava brincando. Agora é só ver os números", afirmou Moussaoui. Ele acredita que as vendas brasileiras para seu país podem chegar "facilmente" a US$ 500 milhões no futuro.
Contato
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