Isaura Daniel
São Paulo – Está aumentando o número de micro e pequenas empresas que exportam para os países árabes. No ano passado, 280 novas companhias de pequeno porte começaram a vender para a África e o Oriente Médio, onde estão localizadas as nações árabes. A entrada das novatas fez aumentar para 939 o número de pequenos negócios que participam do comércio com a região. Eles representam 27% num universo de 3.394 companhias.
"E a tendência é que cada vez mais as pequenas empresas vendam em mercados não tradicionais", diz o gerente da unidade de Acesso a Mercados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Jorge Rincón. De acordo com ele, esses pequenos empreendimentos devem acompanhar o movimento da balança externa brasileira, que registra crescimento do comércio com regiões consideradas alternativas, fora dos Estados Unidos e União Européia.
As pequenas empresas também aumentaram o faturamento obtido a partir do comércio com os árabes entre os anos de 2002 e 2003. A receita com as vendas para o Oriente Médio teve crescimento de 24% e chegou a US$ 18,5 milhões no ano passado. No caso da África, o aumento foi de 91% e o faturamento de US$ 59,8 milhões. "Alguns países árabes não são mercados interessantes para grandes empresas, mas são para as pequenas", explica Rincón.
Não há previsão de quanto pode melhorar o comércio das pequenas empresas com a região neste ano, mas uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que elas estão otimistas quanto ao crescimento das exportações nos próximos seis meses.
O levantamento mostra que 46% dos pequenos e médios empreendimentos ouvidos acreditam que vão aumentar as vendas internacionais até o final do ano. Os que crêem que o comércio externo vai piorar somam apenas 8%.
As pequenas
Apesar de representarem 47,9% entre as empresas exportadoras brasileiras, as pequenas ainda têm uma fatia tímida do faturamento do país com comércio internacional. Enquanto as grandes empresas venderam US$ 65 bilhões no ano passado, as menores tiveram um resultado de US$ 1,7 bilhão. Esse número, no entanto, representa crescimento de US$ 402 milhões sobre o ano anterior. "A tendência é de crescimento", diz o gerente do Sebrae.
O economista e coordenador da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato Fonseca, também afirma que as pequenas empresas devem continuar exportando, apesar da melhoria do consumo doméstico. Ele lembra que, desde a metade da década de 1990, há um movimento de preparação destas indústrias para o mercado internacional. "Houve um período de aprendizado que teve custos elevados", diz.
O processo de preparação, de acordo com Fonseca, implicou desde a melhoria da qualidade e a adaptação dos produtos, até o aprendizado de procedimentos de alfândega, câmbio e normas técnicas. "Em 1999 caiu um outro obstáculo que era a valorização do câmbio. Foi um estímulo", complementa.
Grande parte delas entrou no mercado externo em grupo, inseridas em consórcios e cooperativas. Tanto que os setores em que elas mais atuam no mercado externo são justamente os que têm pólos fortes espalhados pelo país, como o de móveis, calçados, pedras ornamentais e pescados. As confecções, apesar de ainda não figurarem nas exportações das indústrias menores, também estão aumentando a sua presença no mercado internacional de forma conjunta, de acordo com Rincón, do Sebrae.
A rodadas de negócios, segundo o gerente, têm sido importantes para a inserção das pequenas no mercado externo. Só o Sebrae vai promover até o final do ano entre 60 e 70 rodadas de negócios com presença de compradores estrangeiros. A organismo também vai colocar em pé, no próximo ano, o Projeto Integrado Sebrae e Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), para auxiliar as pequenas empresas na promoção de produtos e no acesso à informações sobre os potenciais mercados.
Rincón afirma que as microempresas já evoluíram na qualidade dos seus produtos e formação de preços competitivos para o mercado externo, mas precisam de auxílio para chegar até os mercados.
Corrente comercial
Entre os países árabes, o que mais adquiriu produtos de microempresas brasileiras no ano passado foi o Líbano, seguido de Emirados Árabes Unidos e Jordânia. Já as pequenas tiveram como maiores importadores, entre os árabes, os Emirados e o Marrocos.

