Cláudia Abreu
São Paulo – Um queijo de sabor particular, parecido com a ricota, mas um pouco mais azedo, está conquistando os consumidores brasileiros. É o labneh, conhecido no Brasil como chancliche.
A receita veio do Oriente Médio e desembarcou no país no final do século 19 com os imigrantes árabes. Andou, andou e foi parar em Guaxupé, no interior de Minas Gerais, onde sobrenomes árabes são comuns nas ruas e praças. Lá, desde 1989, a guloseima é produzida em escala industrial pelo empresário Antônio Carlos Lima Ribeiro, dono do laticínio President.
O negócio começou por acaso. Ribeiro se casou com Carmen, que tinha ascendência libanesa e guardava o segredo do queijo em família. “A avó dela (dona Angelina Sabbag) foi quem ensinou a receita, feita com a massa da coalhada”, conta o empresário que, antes do laticínio, criava gado leiteiro com os irmãos e produzia cerca de 2 mil litros de leite por dia.
Após algumas conversas, as duas famílias juntaram seus talentos e, no final dos anos 80, Carmen e Ribeiro decidiram apostar no novo negócio: a fabricação do labneh.
O primeiro passo foi registrar o nome chancliche, “que logo virou sinônimo de queijo árabe no Brasil”, conta Ribeiro. O início foi modesto, a produção era caseira: cerca de 15 mil queijos por mês.
O tempo passou e a empresa cresceu, a embalagem foi aperfeiçoada e investiu-se na área de distribuição. A receita, é claro, sempre continuou a mesma, prezando a qualidade do produto. “Um dos motivos do negócio ter dado certo”, afirma o empresário.
Hoje, o laticínio emprega 18 funcionários, a produção mensal é de 60 mil unidades do queijo. Tudo coordenado, de perto, por Ribeiro, Carmen e os quatro filhos de casal. Como bom mineiro, ele acredita que "o olho do dono é que engorda o gado".
Para abastecer a fábrica são industrializados em torno de 100 mil litros de leite de vaca por mês. Os fornecedores são de Guaxupé e de regiões vizinhas. Ribeiro não cria mais gado leiteiro.
A produção atende, principalmente, o mercado paulista, “mas o produto está em quase todos os estados brasileiros”, afirma Ribeiro. São cerca de 800 pontos-de-vendas espalhados pelo país, entre eles, lojas das principais redes varejistas do Brasil, como Pão de Açúcar e Carrefour. Alguns restaurantes especialistas na cozinha mediterrânea também compram o produto do laticínio.
Culinária
O chancliche President é encontrado em embalagens individuais (bolinhas meio achatadas) – de 135 gramas – e em potes de vidro de 400 gramas. Há três variedades do queijo: natural, envolto em pimenta calabreza e também em zátar (mistura de gergelim e especiarias).
Além do sabor particular, uma das características do chancliche é sua versatilidade culinária. “O queijo pode ser batido com cebola e azeite de oliva, misturado a ervas finas, azeitonas e ovos”, conta Ribeiro. Dessa forma, pode ser servido com pão, funciona como um patê. Também pode acompanhar saladas.
Exportações
Segundo Ribeiro, este ano, a empresa está se preparando para mais um desafio. “Pretendemos exportar”. Os primeiros contatos com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX) foram feitos recentemente, por meio do Banco do Brasil. “Estamos aguardando para saber os próximos passos”, afirma.
Uma coisa é certa, terão de comercializar um volume alto de queijo para compensar financeiramente. "Os custos do transporte, de contêineres refrigerados, por exemplo, são elevados. Não é tão simples como enviar produtos pelos Correios, mas sou teimoso, gosto de desafios”, completa Ribeiro.
Contato
Telefone: 55 (35) 3551-6655
Site: www.chancliche.com.br