São Paulo – A queda na venda de frutas para os países árabes colocou os exportadores em estado de atenção. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), a redução registrada nos dois primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2009, traz preocupação, mas não desespero aos exportadores. O setor ainda se recupera dos efeitos da crise econômica de 2009 e projeta para 2011 e 2012 a venda nos mesmos patamares registrados em 2009.
De acordo com dados do Ibraf, o Brasil vendeu 12 mil toneladas de frutas frescas no ano passado para os países do Oriente Médio, uma queda de 30,8% em relação às 17,3 mil toneladas exportadas para a região em 2009. Nos dois primeiros meses deste ano, foram comercializadas 1.389 toneladas de frutas para as nações árabes, contra 2,1 mil toneladas no primeiro bimestre de 2010 (queda de 33,85%).
A menor quantidade de vendas neste começo de ano, contudo, é normal, de acordo com o engenheiro agrônomo do Ibraf, Cloves Ribeiro Neto. "A maçã é a fruta que os países árabes mais compram do Brasil. Janeiro e fevereiro são meses de entressafra, então é normal que a venda caia ou fique instável no começo do ano. Os produtores começam a colher maçã em março", afirma Cloves.
As vendas de maçã caíram mais do que a média neste começo de ano: 49,8% no primeiro bimestre deste ano em comparação com o primeiro bimestre do ano passado. A venda de manga caiu 98,86%. Já o coco teve aumento de vendas: 209% em comparação com os dois primeiros meses de 2010. Neste ano foram vendidas 80,5 mil toneladas da fruta. Em janeiro e fevereiro do ano passado foram 26 mil toneladas.
A entressafra não é, contudo, o único problema neste começo de ano. De acordo com Cloves, o câmbio pode atrapalhar as exportações neste ano. E, por enquanto, não está ajudando. "O dólar abaixo de R$ 1,80 prejudica nossos negócios. E ficamos de mãos atadas porque isso não depende de nós", afirma. A cotação do dólar está em R$ 1,66.
A participação dos países árabes nas exportações de frutas brasileiras ainda é pequena se comparada com outras nações. Em 2009, o Brasil vendeu 780 mil toneladas de frutas. Cerca de 75% do total foi para europeus, 13% para países do Mercosul, 5% para os Estados Unidos e 2% para os países do Oriente Médio.
Essa participação, no entanto, pode crescer nos próximos anos. De acordo com Ribeiro, o Ibraf tem promovido o intercâmbio entre empresários brasileiros e árabes. Neste ano, por exemplo, produtores brasileiros fecharam negócios de US$ 7,5 milhões na feira de alimentos Gulfood, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O aumento foi de 226% em relação à edição do ano passado do evento.