São Paulo – A rastreabilidade é ferramenta essencial para mostrar a qualidade e a segurança de produtos e serviços no mercado externo. A necessidade de uso deste instrumento por empresas que visam ter competitividade na internacionalização foi apontada por Rita Froes (foto acima), executiva de Desenvolvimento de Negócios na Intertek Brasil, braço da multinacional britânica de garantia, inspeção, teste e certificação de produtos, e Nilson Gasconi, executivo de Negócios na Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil), durante webinar nesta quarta-feira (01). O evento virtual ‘Ferramentas para Competitividade Internacional’ foi promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e reuniu cerca de 700 pessoas do Brasil e do exterior.
A história por trás dos produtos é, para Gasconi, um diferencial para que o consumidor escolha o seu produto entre tantas opções nas gôndolas. “Em segurança dos alimentos, por exemplo, seja ele carne, frutas e verduras, como vou ter segurança? Quando contar a história do meu produto, e ela tem que ser verdadeira”, pontuou.
Para Gasconi, tornar um produto rastreável traz a oportunidade de a empresa guardar seus dados do início até o destino. “A rastreabilidade é processo. Pode ser feita no caderno, porém automatizando torna-se mais ágil. A tecnologia veio para facilitar, para que a empresa seja rápida em responder ao parceiro e para quem está demandando rastreabilidade, que é o consumidor”, afirmou ele sobre o acesso às informações, que tornam a qualidade do produto mais visível em todas as etapas.
Mas, afinal, o que é entendido como qualidade? “É um conceito subjetivo porque as pessoas têm expectativas diferentes”, afirmou Froes. A especialista destacou dois modelos mais difundidos para definir a qualidade. Um deles visa atender as especificações técnicas do produto, e o segundo, mais moderno, objetiva atender as expectativas do cliente e que inclui a segurança do produto de maneira mais efetiva. “Além de atender questões técnicas, [o objetivo] é que seja um produto seguro, entregue pontualmente, que o preço seja justo. Quando entramos na esfera do comércio internacional, como garantir tudo isso? A logística, a quantidade? Nesse ponto, entra que esses serviços devam ser auditados, para que as informações possam ser coletadas e registradas”, explicou ela, lembrando que a certificação de produtos e ferramentas como o código de barras podem tornar esse trabalho palpável.
Segundo Gasconi, o código de barras, por exemplo, é um recurso utilizado 6 bilhões de vezes ao dia no mundo. No entanto, o executivo explica que não basta utilizar as ferramentas sem estar atento a boas práticas. “Eu tenho que ter um banco de dados e essa informação tem que ter qualidade. Temos a questão da automação dos processos. A sustentabilidade está em pauta e vai continuar porque temos que ter preocupação com o meio onde a empresa está inserida. Visibilidade, e aqui eu destaco a questão da competitividade: empresa tem que tornar seus processos visíveis e transparentes para segurança entre todos os elos”, destacou.
Alana Biesek, gerente de comércio exterior na Arbaza, também esteve no evento virtual, e questionou os palestrantes sobre o que é preciso para iniciar a implementação da rastreabilidade. Froes destacou que o primeiro passo é desenhar o seu processo. “Ver quais informações mais relevantes, e matérias-primas utilizadas. Se for exportar a determinados países, quais as restrições legais, [identificar que] em diferentes religiões existem especificações de alimentos que consomem e que não consomem”, exemplificou. Já Gasconi lembra que é preciso também identificar qual melhor mapeamento para aquele produto, seja ele o código de barras ou outro.
Para o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, o processo de agregar valor aos produtos passa por um reconhecimento do consumidor de todo trabalho que envolveu este bem. “Entender todo o caminho de produção e distribuição até chegar nas mãos do consumidor”, disse. Hannun disse que esse valor agregado ao produto também tem relação com a tecnologia e a qualidade que o item carrega.
A conferência virtual foi mediada por Daniella Leite, gerente comercial da Câmara Árabe, que frisou a importância do debate para levar até as empresas informações que impulsionem o comércio entre árabes e Brasil. “Estamos aqui para auxiliá-los e trazer conteúdos relevantes, capacitação, com nossa área de consultoria internacionalização e área de novos negócios, para auxiliá-los a buscar oportunidades”, pontuou Leite.
Também falaram no evento, Diego Bonaldo Coelho, professor na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP) e da Fundação Instituto de Administração (FIA-SP) e doutor em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Dos Emirados Árabes Unidos, esteve presente Vishal Pandey, diretor na Glasgow Consulting, empresa de serviços de pesquisa e consultoria de negócios. Para fazer perguntas também esteve presente Emad Elbagouri, da Qatar Meat. O evento teve tradução simultânea para o português e o inglês, e foi o nono webinar promovido pela entidade desde o início da pandemia.
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