Da redação
São Paulo – As receitas resultantes da exportação da carne suína brasileira já ultrapassaram, no período de janeiro a novembro deste ano, os valores registrados em 2002 inteiro. Segundo informações da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), até novembro foram registradas receitas cambiais de US$ 512,4 milhões. No ano passado as vendas externas geraram US$ 481 milhões.
O valor das exportações, no acumulado de janeiro a novembro deste ano, foi 15% maior do que o registrado no mesmo período de 2002. No caso das quantidades, o volume embarcado até novembro foi de 464.103 toneladas, 7% a mais do que o verificado nos mesmos meses do ano passado, sempre de acordo com a Abipecs.
Esse aumento maior das receitas, em comparação com as quantidades, segundo a Abipecs, se deve à melhora do preço médio do produto no mercado internacional. De acordo com a associação, o preço médio registrado no ano até novembro foi de US$ 1.104 a tonelada, 8% a mais do que verificado no mesmo intervalo de meses de 2002.
Novembro
Já em novembro, o preço médio chegou a US$ 1.338, o melhor valor mensal registrado nos último dois anos, representando um aumento de 43% em relação ao mesmo mês de 2002.
Com relação às exportações de novembro, a Abipecs diz que foi atingido o segundo melhor resultado da história em termos de valores, perdendo apenas para as receitas de outubro. Foram vendidas ao exterior 45.612 toneladas de carne de porco, equivalentes a pouco mais de US$ 61 milhões, um aumento de 2% na quantidade embarcada e de 46% nas receitas em comparação com novembro de 2002.
Mercados
Na avaliação da Abipecs, além do aumento do preço, esse desempenho foi conseguido graças à busca de novos mercados “para enfrentar barreiras protecionistas à carne suína brasileira que surgiram em 2003”.
A entidade destacou as vendas para a Argentina, que embora não seja um novo mercado para os produtos brasileiros, começa a retomar as importações após um período de grave crise econômica. Segundo a associação, os embarques para o país vizinho entre janeiro e novembro somaram 34.413 toneladas, equivalentes a US$ 39,4 milhões, um crescimento de 216% em termos de volumes e de 278% no tocante aos valores na comparação com o mesmo período do ano passado.
A Abipecs destacou também as exportações para a Hong Kong, cujas quantidades aumentaram 16% no período, chegando a 53.059 toneladas, e 15% nos valores, atingindo US$ 53 milhões.
Também foram citados como novos mercados importantes os da África do Sul, Bulgária, Albânia, Cingapura e Geórgia, que juntos foram responsáveis por compras equivalentes a US$ 38 milhões entre janeiro e novembro.
Rússia
O problema do setor hoje é a Rússia, que é o principal mercado da carne suína brasileira, responsável por quase 60% das receitas de exportação, e impôs um sistema de cotas que deve tornar-se ainda mais restritivo em 2004. Enquanto entre janeiro e novembro de 2002 mais de 346,8 mil toneladas foram exportadas para lá, no mesmo período deste ano o volume ficou em 301.475 toneladas. As receitas também caíram de cerca de US$ 350 milhões para US$ 337,1 milhões.
Com medo do impacto que a perda de boa parte do mercado russo pode causar, o setor pede que o governo brasileiro tome “iniciativas imediatas” de apoio às exportações de carne suína. A Rússia também estabeleceu cotas para a carne bovina e de frango.