Geovana Pagel
São Paulo – A iniciativa de criar um parque tecnológico gerador de negócios e promover a revitalização do sítio histórico do Recife surgiu em junho de 2000. Para criar a infra-estrutura necessária foram investidos R$ 44 milhões. O governo estadual de Pernambuco gastou R$ 33 milhões, as empresas de telecomunicações R$ 1 milhão e as empresas privadas R$ 10 milhões.
O Porto Digital desenvolve soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), empregando mais de 1,6 mil pessoas nas 70 instituições em atividade, entre empresas de tecnologia, órgãos de fomento e serviços especializados, distribuídos em mais de 20 mil metros quadrados de áreas recuperadas do centro histórico do Recife.
Para administrar a tecnologia complexa e atrair investimentos e negócios, foi criada a organização social Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD). “Hoje o Porto Digital é o maior parque tecnológico urbano do Brasil”, afirma diretor presidente do núcleo, Pier Carlo Sola.
O parque é composto em sua maioria de empresas surgidas de teses apresentadas nas universidades. A média salarial dos funcionários é de oito salários mínimos e 75% da empresas fornecem soluções inovadoras no setor de TIC.
Pólo de mestres e doutores
O diretor conta que o projeto teve início há cerca de 20 anos, quando o Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) começou a concentrar um grande número de mestres e doutores. “Estes profissionais acabavam sendo absorvidos por empresas localizadas em outros estados brasileiros e também pelo mercado internacional”, conta.
O capital humano excedente em tecnologia da informação e comunicação iniciou uma relação entre empresas e a universidade, transformando conhecimento em negócios.
Hoje existem em Pernambuco 17 unidades de ensino de TIC e mais de 50 doutores somente no CIn, uma das cinco melhores instituições de ciência da computação da América Latina, que representa 31% dos pesquisadores nesta área.
O Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R), originalmente surgiu no Centro de Informática da universidade federal pernambucana e emprega atualmente 280 pessoas.
Desenvolve projetos para a Motorola, Receita Federal, Ministério da Ciência e Tecnologia, entre outros. Empresas como a Qualiti, a Vanguard e a Neurotech, foram, no passado, unidades de negócios do C.E.S.A.R e hoje exportam seus serviços e consultorias para todo o Brasil e alguns países como Canadá e Estados Unidos.
Incubadora de empresas
No edifício sede do Núcleo de Gestão do Porto Digital também funciona a incubadora de empresas administrada pelo núcleo. O prédio abriga também empresas como a Fundação Getúlio Vargas e a Oracle. “O objetivo é promover a integração, facilitar o fluxo de conhecimento e acelerar o crescimento do ambiente”.
Entre as incubadas de diferentes estágios de maturidades, o edifício Cais do Porto abriga a Anima, Intersight, Globaltech, Fabrik, Daccord e Jynx. Com 19 funcionários e oferecendo soluções de rede wireless, a Intersight é parceira da americana Enterasys. Depois de lançar o Futsim, gerenciador online de times de futebol, a desenvolvedora de games Jynx aposta em soluções de jogos para gerenciamento e treinamento nas empresas.
Revitalização do sítio histórico
Situado na ilha que deu origem à cidade do Recife, o parque tecnológico também tem a missão de promover a revitalização deste sítio histórico que foi um dos mais importantes centros de comércio do Brasil colonial. O Porto Digital já promoveu e incentivou a revitalização de mais de 22 mil quilômetros quadrados no bairro, com a recuperação de edifícios para instalação de empresas.
O edifício Cais do Porto é um sobrado restaurado de 2.500 metros quadrados, que abriga ainda um centro de convenções de médio porte, com salas modulares e capacidade para reunir 120 pessoas.
Devido à localização geográfica e ao número de pessoas trabalhando no parque, esse centro se tornou o melhor lugar para treinamento e eventos da cidade, abrigando encontros de empresas como Fundação Getúlio Vargas(FGV), Microsoft, Oracle, Ingran, IBM e Conselho Britânico.
A Secretaria de Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Recursos Hídricos(SECTMA) é representante do governo de Pernambuco no projeto e ocupa um prédio de estilo eclético, do início do século 20. Seu principal projeto com o Porto Digital é o de aumentar a competitividade das cadeias produtivas do estado com base na tecnologia.
“Decidimos concentrar esforços para mostrar que aqui é um bom lugar para desenvolver uma plataforma de informação. Queríamos e conseguimos colocar Pernambuco no mapa mundial de tecnologia”, afirma Cláudio Marinho, Secretário Estadual da Ciência,Tecnologia, Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
De acordo com Marinho, o projeto surgiu dentro de uma das reuniões do Pacto 21, um grupo de pessoas influentes que buscam o desenvolvimento da comunidade apresentando projetos em setores emergentes.
O secretário conta que para criar condições no bairro histórico do Recife para a instalação de empreendimentos da nova tecnologia, foram avaliados a interação e cooperação entre governo, escolas e empresas, a necessidade de visibilidade e escala, além da conecção entre história, cultura e tecnologia.
“Queríamos transformar o local num centro competitivo, com centros de formação. Quatro anos depois é possível afirmar que o objetivo foi plenamente atingido. Construímos um parque tecnológico urbano no coração da cidade”.
Novas empresas instaladas
De acordo com a administração do parque, o número de adesão ao projeto Porto Digital apresenta um crescimento ao ano de 160% (dados referente a 2003). Somente no ano passado, 28 empresas se instalaram na ilha do Recife atraídas pela oportunidade de negócios na região.
Entre as empresas que transferiram sua sede para a ilha estão a multinacional IBM, a canadense Waterloo Hydrogeologic, líder mundial no fornecimento de software para gestão de recursos hídricos, a brasiliense Conecta e a baiana Telematic.
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