São Paulo – O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, afirmou nesta quinta-feira (04) que é “oportuna” a redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para fabricantes de automóveis anunciada pelo governo federal. Durante entrevista coletiva para divulgação dos resultados do setor em julho, realizada em São Paulo, Belini disse que a desoneração vai ajudar a manter as indústrias no País. Ele anunciou um crescimento de 8,6% nas vendas de janeiro a julho deste ano em comparação com o mesmo período de 2010.
Para o presidente da Anfavea, que também é presidente da Fiat do Brasil, a desoneração vai ajudar a indústria automobilística a investir em inovação. Ele lembrou, contudo, que o governo ainda não definiu como a redução da alíquota será definida nem em quais ocasiões. A redução tributária faz parte da nova política industrial lançada esta semana pela presidente Dilma Rousseff.
“Deverão alavancar primeiro a inovação tecnológica, alavancar a engenharia brasileira, a inteligência automotiva para criar situação de competitividade no setor e, com isso, agregar conteúdo nacional através do parque de fornecedores brasileiros. Este é o primeiro passo, pior é não fazer nada. Entendemos que é o primeiro passo para voltarmos a ter competitividade no Brasil”, disse o executivo.
A nova política, batizada de Brasil Maior, prevê incentivos à indústria nacional e benefícios específicos para alguns setores. No automobilístico, o principal benefício é a redução de IPI na cadeia produtiva para empresas que aumentarem o conteúdo nacional dos seus produtos, elevarem investimentos e inovarem. A desoneração pode atingir até 25%, ou seja, a alíquota máxima do tributo aplicada ao setor. Ela, no entanto, não será repassada para o consumidor e não deverá ter a redução dos preços dos carros como consequência, pois o governo deverá exigir contrapartidas das montadoras na forma de investimentos.
No entanto, nesta quarta-feira (03), o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse, em São Paulo, que os incentivos tributários do plano Brasil Maior teriam que resultar na redução dos preços ao consumidor. “Não vamos dar incentivo para que ele vire apropriação de lucros”, afirmou Pimentel.
Quando concretizado, o plano, segundo o presidente da Anfavea, ajudará o país a produzir aqui peças e produtos que ainda importa. A iniciativa, disse ele, não vai cessar as importações, porém, deverá reduzi-las. Ele disse também que este programa evitará que a indústria deixe o País e ajudará até a aumentar as exportações brasileiras de carros.
Mesmo ainda baixas para as expectativas do setor, as exportações estão crescendo. Em julho deste ano, de acordo com os dados da Anfavea, o Brasil exportou 46,5 mil veículos entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Em julho de 2010 foram 38,7 mil e, em julho de 2009, 25,4 mil. Em junho deste ano, o setor exportou 36,6 mil carros. Mesmo com o aumento de vendas de quase 10 mil automóveis de um mês para o outro, Belini afirmou que as exportações estão “estáveis”.
As vendas no mercado interno continuam em alta. Em julho foram licenciados 306,2 mil automóveis, 0,6% a mais do que em junho, quando foram licenciados 304,3 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Em julho de 2010, foram licenciados 302,3 mil veículos, 1,3% menos do que julho deste ano. No acumulado de 2011, foram vendidos 2,04 milhões de veículos no País, contra 1,88 milhão de janeiro a julho de 2010. As vendas neste ano até o momento são 8,6% maiores do que no mesmo período de 2010.
O presidente da Anfavea afirmou que a instituição manteve a projeção de crescimento de 5% nas vendas internas este ano. “Existe uma conjuntura internacional desfavorável e não sabemos ainda quais são as consequências desta crise. O ambiente macroeconômico mundial está contagiado e preferimos manter nossas projeções”, afirmou Belini.